Segundo Rousseau Se existe pessoa feliz ao cimo da terra, ninguém o referirá, pois só ela o saberá no seu íntimo. O meu íntimo de trinta e dois anos, só por mais um dia, diz-me que a felicidade é possível mesmo sendo ninguém, mesmo não tendo uma actividade profissional paga com toda a realização que isso traz, principalmente quando se adora o ensino e a História, mesmo que a saúde falte e deixe as suas marcas. Há sempre outros caminhos e outras formas para que ela se alcance de nós, o amor incondicional de quem nos ama acima de tudo e todos, a certeza de que para colher é preciso semear, a alegria de viver as coisas que parecem insignificantes, o prazer de apreciar todas as mudanças que a natureza tão gratuitamente oferece, desfrutar a companhia de quem gostamos, estar em permanente aprendizagem, ler os melhores autores as palavras mais profundas, ouvir e cantar as músicas que animam ou que entristecem ou as que fazem lembrar alguém, assistir a um bom filme, uma peça de teatro ou melhor uma que junte cinema, teatro e Charles Chaplin (que quase se fica com a respiração suspensa perante a emoção transmitida). Conhecer novos lugares, visitar museus e catedrais, rir até doer os abdominais, comer um bom robalo, tomar café com um cubinho de chocolate, esperar pelo amor inventado (que continuará a demorar-se), aguardar sem ansiedade, agradecer o que se têm e não esquecer que: o outro é o destino de cada um. Pode não ser a felicidade, pois essa estará lá no íntimo de cada um, mas “um sentimento de equilíbrio existencial, sereno, tranquilo, harmonioso, duradouro, que nem a doença nem a morte, inevitáveis, ofuscam - o sentimento de felicidade.”
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