Era um dia de chuva e desencanto. O viajante pensava que o desencantamento que
sentia seria bom, afinal ele esvazia, liberta, desprende. E a viagem decorria
pelo pensamento. Mas decidido entrou no carro e fez-se à estrada. Não as
secundárias em que se perde e encontra, mas as diretas a um destino, menos encantadoras
mas rápidas. Em poucos momentos as paisagens transformam-se, as montanhas dão
lugar às planícies, o manto verde torna-se amarelo, mas para já o objetivo do
viajante é encontrar o azul . Vai confiante e desprendido, pronto para
chegar a um lugar que entretanto ficou menos nítido na sua memória. Com certeza
que na imensidão deste pequeno quadrado
irá se surpreender com novos lugares, é disso que o viajante gosta. A viagem
continua. Encontrará poemas num qualquer banco de jardim.
Ser doido alegre que maior ventura!
Morrer vivendo pra além da verdade.
É tão feliz quem goza tal loucura.
Que nem na morte crê, que felicidade!
António Aleixo - Ser Doido Alegre in , Este livro que vos deixo.
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