Ecce Hommo

"  TU O DIZES, EU SOU"

( autor desconhecido, c. 1570, museu nacional de arte antiga, Lisboa)

Há seis anos estava a vivenciar pela primeira vez a doença e consequentemente o internamento. Não esqueço a aflição com que as pessoas mais próximas de mim ficaram e também não esqueço a minha tranquilidade achando que tudo ia ficar bem e que era só mais uma história, a da breve passagem pelo hospital. Enganei-me redondamente. Estranhamente, hoje quase não me lembrava da efeméride, não fosse uma conversa com um fisioterapeuta na piscina. A angústia de contabilizar os dias, meses e anos há muito que desapareceu e provavelmente para o ano este será só um dia mais…a menos que alguém me lembre.

quando ao longe a tua  voz

me acena, e a fúria

do dia que nos pesa

se faz manhã clara,

reinvento todas as rimas

da primavera.



Dia do pappi

Nos últimos anos, o meu pai, é a pessoa que mais me surpreendeu de forma positiva..hoje foi dia de celebrar com almoço vista mar, banhos de vitamina d e uma foto ( para mais tarde recordar).

Tudo à grande como o amor e amizade que nos une. (sniiff..sniff..esta foi forte!)

"o impulso particularizante é a literatura"

[...] Quando Deus fez esta treta toda em sete dias, as aves, os rios, os seres humanos, não teve dez minutos para a literatura. “Faça-se a literatura. Alguns gostarão dela, outros viverão obcecados por ela, quererão fazê-la…” Não. Não. Ele não disse isso. Se nessa altura tivéssemos perguntado a Deus: “ Façam-se canalizadores?” “Sim. Porque eles vão ter casas e precisar de canalizadores.” “Façam-se os médicos?” “ Sim. Porque eles vão ficar doentes e precisar de médicos para lhe receitarem comprimidos.” “E a literatura? O que é isso? Para que serve? Onde é que isso encaixa? Por favor, eu estou a criar um universo , não uma universidade. Nada de literatura.”

Casei com um Comunista - Philip Roth

Se não fossem estes apontamenos barrocos espalhados pela cidade, as minhas consultas de medicina fisiátrica não demoravam mais que cinco minutos.

Preposição filosófica

- porque
há portas de vidro manhosas, depressões capilares, gloss muito pink e mousse de canela com frutos vermelhos e bolacha pingo doce (em promoção).

Estava a folhear a Poesia e Vida de Goethe quando dei com a seguinte afirmação: “ Este tédio à vida tem causas físicas e morais […] o conforto, da vida, baseia-se numa ocorrência regular de fenómenos externos. As mudanças dos dias e das noites, das estações, das flores e dos frutos, e todos os outros que se repetem e que vêm ao nosso encontro, que podemos e deveríamos gozar – estas são as fontes principais da nossa vida terrena. Quanto mais abertos estamos a estes prazeres, tanto mais felizes nos sentimos ; mas se estes fenómenos se desenrolarem sem que nós nos interessemos por eles, se formos insensíveis a tais solicitações de beleza, então avassala-nos o pior dos males, a doença mais grave – consideramos a vida como um fardo tedioso […]

 Na corda bamba - Saul Bellow

" these words sound good "