domingo, 14 de agosto de 2022

nem só de livros...

- Emily em Paris ( porque queria tantooooooooo ir ) e de modos que assim vê-se qualquer coisa;

- Guia Astrológico para Corações Partidos ( porque é em italiano);

- A criada ( porque é impossível ver o 1º episódio e ficar indiferente);

- A Anatomia de um Escândalo  ( porque está muito muito bem feito);

- Fidelidade ( porque é em italiano, não é assim muito bom, mas há um escritor e vá..passa!);

- Elvis de Baz Luhrmann ( um grande filme, e um filme grande...muito bom e daqueles que depois de sair do cinema se vai pesquisar o que é verdade e mentira e ohhhhhhhhhhh ); 

- O Preço da Fama, titulo original La rançon de la gloire...de quem?? Charlie Chaplin que depois de morto foi raptado. Hilariante e verdadeiro. 

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

biblio*

 " Em suma, as coisas do corpo correm como um rio; as coisas da alma não passam de sonho e de fumo. A vida é uma guerra e uma estranha passagem; e, depois da fama, o esquecimento." - Marco Aurélio Pensamentos.

 Há  nos livros e nas palavras um poder. O poder de esclarecer, de entreter, de ficar maravilhado com uma história, com os seus personagens, com uma realidade utópica ou distópica, com as evidentes ou menos claras reflexões filosóficas,  de misturar heróis, mitos, deuses e lendas, de colocar ou retirar de um tempo a memória e o esquecimento. 

* A Utopia - Thomas More (relido);

* As Intermitências da Morte - José Saramago;

* A Mão e a Luva - Machado de Assis;

* Viagem a Portugal ( excertos) -José Saramago;

* O Silvo do Arqueiro - Irene Vallejo;

*As Memórias Póstumas de Brás Cuba;

* A Pérola - John Steinbeck;

* Rio do Esquecimento - Isabel Rio Novo.

Há entre tudo isto a realidade que nos espanta pela sua loucura, incredulidade de estarmos a viver, a assistir, a presenciar o pior dos males da Humanidade - a guerra. Uma, entre as várias que existem no mundo, remetendo ao sofrimento os povos, à aniquilação de culturas, à destruição, ao calar e ao falar, em suma à falta de liberdade. E como disse José Milhazes: a História repete-se e porquê? porque não a quiseram ler e estudar? porque a revistaram de falsidade? porque a ignoraram? Porque a geo-politica-estratégia-financeira-militar é o geo-negócio do poder e do dinheiro de muito poucos mas que controlam o mundo.

* Breve História da Rússia - José Milhazes ( ainda em curso).

" Não pensem que um escritor consciencioso escreve uma linha só que seja com o intuito de encher papel; que invente um episódio para seu recreio: tudo aqui vem a propósito, desde o facto mais somenos ao pormenor de maior vulto, e os leitores que esquadrinham os fins e suspeitam uma ideia em cada palavra impressa acharão neste romance demonstrações de que os grandes acontecimentos da vida, que fazem pasmar o mundo são como os nevões: um floco de neve que rola do cimo das montanhas ao chegar às fraldas destrói casas e plantios, embrulha vidas humanas e rompe o equilíbrio das coisas." cap6.p.93 - rio do esquecimento.

* do grego - livros

quarta-feira, 6 de julho de 2022

vai o viajante #21








O viajante está ansioso por ir, precisa de se perder na paisagem, encontrar as marcas do tempo, do homem, as criações antigas e as mais recentes. Assinalou no seu guia locais, apontou os nomes e as moradas. Não se quer perder, ainda que haja sempre espaço para a surpresa e para o engano. Na primeira paragem Tongóbriga – Marco de Canaveses – aldeia de freixo e aldeia/ escola profissional de arqueologia, foi recebido por um gato. O viajante durante algum tempo não os apreciou, mas agora eles aparecem-lhe à frente, deitam-se e rebolam e esperam a festa e o viajante não resiste. Há sua frente estão 50 hectares de ruínas arqueológicas descobertas nos anos 80, como tantas outras, que revelam a presença pré romana e romana: existência de povoados castrejos, de um balneário, termas públicas, domus, necrópoles, muralha e o mais impressionante - o coração da cidade romana, que não deixa de ser os centros/ pontos de encontro dos cidadãos das nossas cidades, aquilo que para os gregos era a ágora e para os romanos o forúm. Este fórum, apesar de não se encontrarem referências a este nos autores mais clássicos, provavelmente a localização da cidade entre Emerita Augusta e Bracara Augusta, ditou a sua dimensão 139 m de comprimento por 68,5 de largura. É um espaço amplo, ermo, verdejante e que permite a todos os viajantes, viajar no tempo. Ouvir em vez do cantar dos pássaros o burburinho de uma cidade, o encontro de pessoas para o mercado, para irem ao templo, para cumprirem rituais de bem-estar nas termas. Sempre que o viajante pensa na civilização e no vasto império romano pensa como foi possível manter coeso e unido “meio mundo”, tendo presente todos os motivos teóricos que a isso conduziram e ainda que sem incorrer em anacronismos pensa na europa nos nossos dias. Além disso há sempre uma dualidade os romanos conquistaram, dominaram, eliminaram, mas criaram leis, hábitos, construções, que são a nossa herança patrimonial e cultural. Apetece ficar no fórum mas deve seguir. Fica com uma pequena mágoa de ver o espaço musealizado com vitrines numa camada de pó daqueles em que se poderia escrever veni, vidi, vici sem qualquer dificuldade, o pouco entusiamo da “vigilante/rececionista”, sendo que já se surpreendeu tanto com “vigias”. Aproveita que está no Marco e pensa na obra do arquiteto Siza Vieira, que na cidade criou um templo da atualidade. Não devia ter ido. Todas as vias vão dar a Roma, a do viajante vai ter a uma vila Real.

Na cidade também se celebrou o S. João e nas ruas do centro não faltam bandeirinhas coloridas a lembrar os santos. O viajante não pretende demorar-se, almoça, segue por indicação uma rua do centro onde encontra uma igreja dedicada a S. Pedro. O exterior barroco lembra os concheados de André Soares e no interior destacam-se os painéis de azulejos hagiográficos do santo. Quase se esquecia, mas as suas notas levam-lho ao museu da vila velha. No caminho passa o liceu com o nome do primeiro escritor profissional português Camilo Castelo Branco que durante algum tempo viveu numa aldeia daquele concelho. Há que tirar partido destes nomes que dão maior credibilidade às ruas, às escolas, às cidades. Segue e encontra o que tinha vindo procurar a exposição de arte contemporânea A Borboleta Azul de Carlos Augusto Motta. Desde o museu há um pequeno miradouro e os supermodernos passadiços. Ao fundo o cemitério de origem romântica, criado no campo sagrado de um convento repleto de jazigos graníticos e na parede exterior um poema de saudade: São de nada/ tempestades/ante a falta/ que me fazes – david mourão ferreira. O caminho continua já.


domingo, 24 de abril de 2022

48 anos de Abril

 De vez em quando leio,  o que está para trás, neste blogue género diário. Há datas que tem sempre uma entrada. Que estão sempre presentes, que não podem deixar de ser escritas ou preenchidas com um a imagem, uma reflexão, um cravo. É impressionante ver, neste exercício, como as opiniões e os contextos se alteram em pouco tempo.

Voltámos a Abril. Volto sempre.  Ainda ontem pintava cravos junto ao coreto, ainda ontem ia em manifestações com os meus pais, ainda ontem a democracia era recente e quando atingiu a maioridade  os partidos e comentadores reclamavam a quem pertencia , ainda ontem as ruas estavam vazias, a  pandemia era o tema central da nossa vida. Ainda ontem se questionava a abertura da assembleia e as comemorações e ainda ontem se anunciava a proximidade da meia década da revolução, e do desaparecimento dos capitães de abril*. Neste amadurecimento ainda há tanto por tratar, ainda há tanta herança de um tempo de miséria, censura, desigualdade, proibição. E entretanto, surgem outros protagonistas, um contexto de guerra na europa, que jamais imaginamos. Um partido que lutou pela liberdade e que agora se afunda numa ideia pouco condizente com os ideias de abril. 

É um outro tempo, uma resistência de pressão, onde o poder da comunicação e do  engagemnet é tudo. Este é o tempo da rapidez da informação, da solidariedade entre a humanidade, mas também do esquecimento, dos egoísmos pessoais, da ganância de um homem e também dos estados e de algo que sem tempo, nem espaço é sempre atual e muda e molda a História - o  poder.  Neste sentido,  o povo da terra da fraternidade não se pode desligar da sua política que é antes de tudo, pensamento e por isso expressão de cultura. « O confronto ideológico representa muito mais do que a luta de contrários, da qual uns saem vencedores, e os outros vencido. Só na interrogação, na pesquisa, na abertura à pluralidade, será possível construir um pensamento autónomo. Esse, uma vez formado, determinará então a prática, a ação*. »

somos filhos da madrugada e disso nunca nos podemos esquecer ou demitir.  

Viva o 25 de Abril. Viva a Liberdade.

* o implicado - salgueiro maia

*as sombras de uma azinheira - álvaro laborinho lúcio


é tudo e só isto*

 ~
Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles.
Veio Jesus, estando as portas fechadas,
apresentou-Se no meio deles e disse:
«A paz esteja convosco».
Depois disse a Tomé:
«Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos;
aproxima a tua mão e mete-a no meu lado;
e não sejas incrédulo, mas crente».
Tomé respondeu-Lhe:
«Meu Senhor e meu Deus!»
Disse-lhe Jesus:
«Porque Me viste acreditaste:
felizes os que acreditam sem terem visto».

* Jo 20,19-31
* a incredulidade de s.tomé - caravaggio 1600
*o mais belo texto e imagem da representação da dúvida, do mistério, da humanidade, do dom da fé.

quarta-feira, 20 de abril de 2022

sejam livres as palavras e as cores

Na Ágora os gregos combatem,

Mantêm a honra e o desgosto

Escondidos na harmonia da filosofia.

Dois irmãos brincam no Senado,

Lobos uivam ao redor do Coliseu

E os templos imortais discutem

A superioridade de um ser.

 

Em Alcobaça descansa Pedro

E o seu amor por Inês

No túmulo da bela história

Que o novo reinado assassinara.

 

E nas paredes das Catedrais

Já não dormem os anjos,

Pela luz que atravessa os redondos vitrais

E pelo barulho dos altos sinos

Que se assemelham aos apelos dos que sofrem

E revoltam, trabalham, defendem e desejam

Nas praças, nos palcos,

Quiçá nos salões dos palácios,

Debaixo do Sol divinal,

Pobres das sombras

Que as divindades não conhecem.

 

Luxúria francesa das valsas,

Das chics festas e dos bailados,

O amor quente e maltratado,

Dos chás ingleses sem pinga,

O ouro passa a carvão

E o carvão ao vapor

E o vapor à imensidão da Luz

Que se estingue no seio de uma mulher.

 

A água das naus escorre na forma de suor

Na face dos que na Gare se escravizam.

Acordos são tratados,

Muros derrubados,

Culturas arrebatadas,

Sociedades confinadas.

 

As borboletas novamente queimam

E perde-se a história nos arquivos,

Que ardem e cegam o que é ignorante.

 

Viva aquele que pensa,

Que salva a pátria,

Que castiga e mata.

Sejam livres as palavras e as cores

As algazarras e os espetáculos

E que ao efeito das borboletas estejamos condenados.

 Efeito Borboleta - Marta Silva

domingo, 13 de fevereiro de 2022

a espantosa realidade das coisas #3


e nisto deram-se umas eleições legislativas sem a minha mínima motivação para assistir a debates ou momentos políticos, tirando os analisados pelo RAP ou pela junta de boys. Na realidade achei que era tudo o que não precisamos no momento: crise politica, chumbo de orçamento, pandemia em alta, gestão de covid, depois do natal, neste tempo sem chuva, sem frio, sem inverno, com o presidente comentador a aparecer a falar muito mais do que o que devia e a provocar aquilo a que chegamos. Maioria utilitária. aquele coisinho cheio de peito e de vigaristas mais aquele povo que o acha iluminado com tiques de déspota sem nenhuma razão. Há que manter a esperança na democracia, na cidadania iluminada com a convicção que há passados que não podemos repetir pese embora a injustiça, as desigualdades, a rapidez com que geram opiniões, sensacionalismos e esquecimentos.  Há que continuar a fazer valer as palavras, a arte que convoca o sagrado, a música, os convívios, a disponibilidade dos ocupados, a beleza da natureza e espetacularidade do universo. tudo isto para chegar à espantosa realidade, das pequenas coisas: 

filmes: Adam - é como um quadro do renascimento realista e flamengo com cores pastel outras saturadas, em movimento, que trata o entendimento feminino numa discreta cumplicidade moral entre mulheres. o tempo da vida e da morte entre ruas sinuosas. é calmo, intenso e inesquecível. 

séries : Alice aos Papeis e o covid "obrigou-me " a ver a Georgina, um filme de uma senhora que transformou um castelo escocês numa moradia americana em tempo de natal e num género muito diferente VIVE emocionante e útil para compreender o caminho da acessibilidade e só para manter presente o italiano DOC. 

livros : Todos os Nomes - neste ano de centenário, voltei ao meu primeiro livro de Saramago de onde sublinhei em 2008  « ainda que os relógios queiram convencer-nos do contrário, o tempo não é o mesmo para toda a gente.» reencontrei o Sr. José, o seu tempo, a sua conservatória, o arquivo, as prateleiras, a sua aventura, o teto, a identidade. tão bom.  A Máquina de Fazer Espanhóis de Valter Hugo Mãe, que autografou o livro ( ainda em curso) sobre como tratamos os que envelhecem. Para acompanhar o livro o pintor Juan Domingues transformou as palavras em imagens na outra máquina de fazer espanhóis. 

música: ouvi muita rádio, continuo a achar um meio de comunicação fantástico. hoje que é dia internacional da rádio tenho pena ter uma voz tão fanhoosaaaaa, que de contrário era pessoa de gostar de ter um programa de rádio tipo na antena minho. ahhhhh depois lá veio a 3ª vez de assistir ao concerto de Bryan Adams, a cantar muito bem e divertido e super nostálgico com os tempos pré covid, infância em cascais e tal e tal e black pumas -colors e bateu uma cindy lauper e o seu time after time.

« A história não são as memórias dos vencedores(...) São, as memórias, dos sobreviventes, dos quais a maioria não é vitorioso nem vencido.» - Julian Barnes - O sentido do fim.