quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

sobre soror mariana


Cortaram o trigo. Agora
A minha solidão  vê-se melhor.

Sophia de Mello Breyner Andresen

domingo, 27 de dezembro de 2015

sagrada familia


André Reinoso, óleo sobre tela, sec. XVII - Museu Alberto Sampaio

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

domingo, 6 de dezembro de 2015

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

que viagem é essa



" Dá-me a ideia que nasci cedo demais" - António Variações, nascido a 3 de dezembro de 1944

dia internacional da pessoa com deficiência - roteiro acessível



sexta-feira, 27 de novembro de 2015

do livro das citações


" A arte diz o indizível; exprime o inexprimível; traduz o intraduzível."
Leonardo Da Vinci

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

vai o viajante # 6





O viajante tinha planeado o próximo destino. Mas planos são coisas que o viajante já sabe há muito que não deve fazer. Teve pena mas como há tanto para ver, seguiu a rota do que está perto no espaço mas longe no tempo. Recuou ao ano 1000, altura provável da construção do castelo da póvoa de Lanhoso. Ao certo ninguém tem a certeza destas coisas, mas que D. Teresa a condessa rainha lá esteve é certo. Primeiro refugiou-se naquela construção inexpugnável, assente no maior monolítico granitóide português, fugindo dos exércitos da sua irmã D. Urraca e mais tarde conforme diz a tradição teria sido aqui presa pelo seu filho, após a derrota na batalha de S. Mamede. O viajante reflete um pouco sobre esta dupla função do castelo - refugio e prisão. Certo é que de original resta pouco desta fortificação. A sua dimensão era muito maior, mas grande parte foi destruído num incêndio ateado pelo próprio alcaide daquelas terras, que lá encontrou a sua amada esposa com o amante, um monge das terras de Bouro. Mais tarde chegou um homem enriquecido que decidiu dar aquele monte, uma conotação religiosa e assim mostrar o seu fervor espiritual e temporal. A igreja que agora se encontra no monte do pilar e capelas com via sacra foram construídas com as pedras originais do castelo. Pouco restou até que outro ser, também ele fervoroso, procurou recuperar os sentimentos de patriotismo apostando na reconstrução de monumentos nacionais com relevo na importância da história de Portugal. Graças a ele, diz o guia da torre do castelo, podemos estar dentro destes muros. O viajante assiste a um elucidativo vídeo sobre o castelo, liga os acontecimentos e os personagens, admira a paisagem envolvente, imagina exércitos e lutas. Segue para a vila e encontra Maria da Fonte, personagem de um tempo mais próximo, heroína que luta contra uma das mais polémicas leis do governo de Costa Cabral, a criação dos cemitérios. E nisto o viajante não se demora. A luta é tão circunstancial ao tempo, ao medo e ao fervor, embora quem procure na História encontrará os verdadeiros motivos e consequências da rebelião do Minho. O viajante prefere calcar as folhas e ouvir o seu estalar a cada passo. Prefere ver as cores das árvores e sentir o sol quente deste Outono. O dia ainda não acabou e o viajante decide procurar algo que há muito conhece mas só dos livros. Curiosamente são daquela freguesia as mulheres que iniciam a revolta contra a lei de Cabral – Fontarcada. Havia um mosteiro românico do qual só resta a igreja, imponente na sua pedra rústica plena de símbolos. O portal com o agnus dei, as voltas e arquivoltas, a porta do sol, a cachorrada, a cabeceira destacada. Entristece-se com a porta fechada, mas enquanto dá a volta ao exterior, aparece qual S. Pedro de chave na mão, a sacrastiã que se apressa a explicar que não podem fazer obras. O viajante está a observar a grande entrada de luz, a rosácea maior e a mais pequena cheia de luz e cor, não lhe apetece falar, mas tem que explicar o encanto deste templo assim como era e como está. Não compreende se a senhora percebeu mas sente-lhe o orgulho. O sol vai partir, dura pouco nestes dias, e o viajante parte com ele. Sem planos, a viagem continua.

domingo, 22 de novembro de 2015

o bunker 3ª parte


Era março do ano de 2010 e eu teci, em partes, uma reflexão sobre a minha clínica de fisioterapia - o  bunker. Este blog ou blogue, hesito sempre nestas nomenclaturas (porque há gente a viver da arte de blogar ), existe há tanto tempo que eu já não me lembrava desta grande reflexão. 
Pois alguém me lembrou eu fui ler e ohhhhhhh eu estava mesmo indignada e fiz promessas que não cumpri. As instalações não mudaram, eu passei a frequentar muito menos ( só manutenção), não contando as entorses, a passadeira para mim funciona (porque a velocidade não é de corrida), há mais uma monark ( bicicleta estática saída do museu), há uns posters super elucidativos de faça você mesmo ( risos, muitos risos). Depois de cinco anos sigo com o mesmo médico. Os fisioterapeutas, circulam muito, claro que isso deve-se à crise, à politica de emprego que permite que se façam muitos estágios profissionais, muitos recibos verdes e salários vergonhosos para quem, com tanta dedicação, cuida da recuperação e bem estar dos outros. Daí não deve sair lucro nenhum, coitados. E cada vez há menos doentes ou utentes ou clientes, que isto da saúde ser negócio é complicado.De qualquer forma há que publicitar o produto, renovar a imagem. No fundo, bem no fundo, lá na cave, depois de descer as escadas ou a seguir à sala de espera minúscula, ambientada com cheiro montanha, há alguém que olha por si. Que profundo.

sábado, 21 de novembro de 2015

sundays of life *


* ou a mais bonita foto que tirei

domingo, 1 de novembro de 2015

do livro das citações

"Somente quem não legou afetos, olhará as urnas com tristeza."

Foscolo

domingo, 25 de outubro de 2015

maravilhas perto de nós





“Declara já o viajante que este é um dos mais belos museus que conhece. Outros terão riqueza maior, espécies mais famosas, ornamentos de linhagem superior: o Museu de Alberto Sampaio tem um equilíbrio perfeito entre o que guarda e o envolvimento espacial e arquitectónico. Logo o claustro da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, pelo seu ar recolhido, pela irregularidade do traçado, dá ao visitante vontade de não sair dali, de examinar demoradamente os capitéis e os arcos, e como abundam as imagens rústicas ou sábias, todas belas, há grande risco de cair o visitante em teimosia e não arredar pé. O que vale é acenar-lhe o guia com outras formosuras lá dentro das salas, e realmente não faltam, tantas que seria necessário um livro para descrevê-las (…) Este museu merece todas as visitas, e o visitante faz jura de cá voltar de todas as vezes que em Guimarães estiver.”

Viagem a Portugal - José Saramago 

domingo, 11 de outubro de 2015

vai o viajante # 5



Entre as planícies plenas de vinha e oliveiras, e uma ou outra curva nas imensas rectas do Alentejo encontra o viajante Mértola. O Guadiana marca a sua presença e torna a paisagem ainda mais encantadora. A origem encontra-se no tempo dos fenícios, que ali criaram um importante porto comercial. O mesmo que, séculos mais tarde, pelas mãos dos romanos havia de chamar-se Myrtilis , depois chegaram os árabes e assim Mértola se manteve com um papel essencial nas rotas comerciais do Mediterrâneo. O rei conquistador não a tomou dos mouros, ficaria a função para D. Sancho II. Como conta a história, os conquistadores pertencentes a ordens  militares e religiosas desempenharam papel fulcral nas lutas da reconquista e assim em 1238, Mértola torna-se a primeira sede da ordem de Santiago. 
Nesta vila há vestígios de todas as épocas. O viajante impressionou-se com o castelo, com a igreja matriz (antiga mesquita), com as escavações que põe a descoberto o bairro islâmico, com o silêncio e profundidade do cemitério. O que lhe agradou mais é a mistura, é ver como as construções e a cultura de diferentes povos, resultaram num lugar singular. O viajante está agradado com a paisagem e com o tempo ameno, sem o calor abrasador que sempre marca as terras do Alentejo. Já sabe qual o próximo destino. A viagem continua.

domingo, 4 de outubro de 2015

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

vamos votar. vamos!! vamos??

Perseguem o povo com bombos e bandeiras,fazem debates, vão às feiras e colhem amoras, cometem gaffes, fazem comícios e comem aqui e ali, e prometem, e falam, e questionam "quem chamou a troika ou quem a recebeu, quem assinou o memorando, quem se despediu dela." E depois ganham sondagens e uns ficam tristes, outros alegres e outros mantém a lata de sempre. E a realidade retira a vontade de exercer o direito, o dever, e o poder que todos os cidadãos  conscientes devem ter. 
E apela-se ao voto, mais ao útil, do que ao voto que vai eleger quem os represente. Na abstenção ganha o vencedor, porque alguém deixou de ir exercer o seu direito de escolha, com a desculpa já gasta, que são sempre os mesmos, e nada muda e o pra quê????? eu continuo na minha, a política de um Estado deve servir para proteger os mais fracos, e aí entra sempre a mesma lógica procurar: do mal o menos. 

domingo, 27 de setembro de 2015

não pares

Não te contentes com o que és, se quiseres chegar àquilo que ainda não és. De facto, onde te sentires bem, ficas parado; e até dizes para contigo: "Já chega!"Só que assim, andas para trás. Acrescenta continuamente, caminha sempre para a frente: não pares ao longo da viagem, não te voltes para trás, não te desvies. Quem não avança, retrocede.

Agostinho de Hipona - Sermão, 18:PL 38, 926. 

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

condessa rainha*


*túmulo de D. Teresa na Sé Catedral de Braga - Capela dos Reis

domingo, 20 de setembro de 2015

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

vai o viajante # 4



Encontra o viajante o azul que procurava. É um mar diferente, uma extensão de areal como já não lembrava que as praias tem, um mar tipo rio imenso e tranquilo, mas sem cheiro a maresia. E isso despraz o viajante que não se inibe em entrar e nadar naquele mar. Descansa ao sol e ao silêncio embora haja tanta gente. Procura a cidade, encontra o poeta, praças e ruas desenhas pelo iluminado marquês, que não sendo daquela terra, lhe deu forma. O viajante já lá tinha estado e mal se apercebeu das ruas rectilíneas paralelas umas às outras, tal era a confusão e o amontoado de lojas de atoalhados que sempre marcam o comércio nas fronteiras. O comércio mantém-se, mas organizado, as ruas têm vida e outro esplendor. Vai até à marina, do outro lado é Espanha. 

" Encara, rindo, a vida que o tortura,
sem ver na esmola, a falsa caridade, 
que bem no fundo é só vaidade pura,
se acaso houver pureza na vaidade.

Já que não tenho, tal como preciso,
a felicidade que esse doido tem
de ver no purgatório um paraíso...

Direi ao contemplar o seu sorriso, 
ai quem me dera ser doido também
p´ra suportar melhor quem tem juízo."

António Aleixo in Este livro que vos deixo

terça-feira, 15 de setembro de 2015

always look on the brigh side of RICE

Paragem obrigatória para rest ice compression and elevation. Nada que faça parte dos planos de alguém e que não aborreça quem tem mais que fazer. Analisemos isto como fazem os jornalistas que perecem não ter que fazer, e divagam sobre a foto do preso em domicílio a assistir a debates, com não sei quantos amigos, quadros na parede, garrafas desalinhadas e livros em prateleiras.
Ponto 1- não fosse o RICE eu não sabia nada disto;
Ponto 2 - a televisão continua a ter programas espectacularmente maus, com a excepção da rtp2, e do som de cristal ;
Ponto 3 – eu não sabia que tinha tanta coisa para fazer, voluntariamente falando, à frente do computador;
Ponto 4 – estava tão pouco interessada na campanha eleitoral e agora, graças ao RICE, estou capaz de ler todos os programas dos partidos, menos o da rapariga que gosta de aparecer  nua em revistas e justifica-se não sei quantas vezes na televisão ou em mais umas fotos. Nada contra, só que aquilo não é política é vaidade, vendo bem, é tudo a mesma coisa, uma espécie de concatenar.
Ponto 5 – assim que as horas de espera, no hospital, tenham ultrapassado as 5 inicialmente previstas, há que manter a lucidez e ter uma caneta à mão para expor/ reclamar/ sugerir ( este devia ter sido o primeiro ponto, mas quando é mau eu tendo a esquecer facilmente);
Ponto 6 – ainda bem que fui à fnac e comprei a banda sonora certa “ quem me dera ir daqui pra fora” e os diabo na cruz são mesmo fixes e ainda bem que chovia a potes e o concerto foi cancelado e assim eu fiquei menos desconsolada;
Ponto 7 – encontrar um médico tipo mr. charme que fala num sussurro e lança olhares magnéticos e sai-se com o como dizem os ingleses RICE enquanto uma pessoa está com um aspecto de fugir;
Ponto 8 – já estou a dissecar de mais, isto assim até parece bonito, mas só ao fim de quatro dias, e porque chove muito, estou capaz de ver para além do negro que está no meu pé.

domingo, 13 de setembro de 2015

terça-feira, 8 de setembro de 2015

soror mariana alcoforado


Nem só de mártires políticos reza a história de Beja, há também, mais atrás no tempo, uma outra protagonista - Mariana Alcoforado. 
Em 1810 é publicada uma nota no jornal francês L´Empire , de Paris em que surge o nome de Mariana como autora das já muito conhecidas Lettres Portuguaise, cinco cartas de amor dedicadas ao cavaleiro francês, Marquês de Chamily. 
Mariana foi uma das religiosas de Santa Clara  no convento da Conceição em Beja, onde entrou aos 11 anos e lá exerceu funções de porteira, escrivã e abadessa, e onde morreu aos 83 anos.
As cartas de amor são resultado da paixão sublime, não correspondida, pelo marquês que colaborou com os portugueses na Guerra da Restauração ( 1640-1668). Mariana que da janela do convento, assistia  às manobras do exército ( 1667-68), deixou-se encantar pelo francês, que voltando à sua terra prometeu mandar busca-lá. Na sua espera, em vão, escreveu as referidas cartas que contam a sua história de amor não correspondido: de inicio a esperança, seguida de incerteza e , por fim, a convicção do abandono. 
São vários os autores que contestam a sua veracidade e tantos outros que nela se inspiram.

Consagrei-te a vida desde que em ti descansaram meus olhos, e sinto prazer em sacrificar-ta. Mil vezes ao dia te procuram cansados suspiros e não trazem, os tristes, outro alívio a tantas tribulações do que o aviso cruamente sincero da minha desventura que não consente uma esperança e me repete a todos os instantes: deixa, deixa de consumir-te em vão, infeliz Mariana! Carta I

domingo, 6 de setembro de 2015

catarina eufémia




Depois de ler Anatomia dos Mártires de João Tordo, há dois anos, pensei que da próxima vez em Beja teria que ir a Baleizão ver Catarina Eufémia. Lá estão todos os símbolos e homenagens dedicados a alguém “para quem tudo pode ficar irremediavelmente perdido num único momento”  e o cenário (agora sem o trigo mas pleno de olivais) em que Catarina Eufémia reivindicando trabalho e pão é assassinada por um GNR que nunca foi julgado pelo seu crime. Coisas de um regime sem liberdade. Momento trágico e ideal para se criar um mártir no meio do Alentejo profundo e rural, mas fortemente politizado. Curioso é que este é o único momento da história da ditadura portuguesa e dos movimentos clandestinos, em que uns e outros estavam de acordo. A PIDE, por um lado propagando a sua versão de que Catarina era militante comunista e assim estava justificado o seu brutal assassinato; e o partido comunista (clandestino em 1954, mas com grande implantação no meio rural) propagando precisamente a mesma verdade, sussurrada na clandestinidade e gritada no pós 25 de Abril que Catarina foi militante do partido e pela sua militância faleceu num campo de trigo de Baleizão.
Uma mártir eternizada pela dureza da vida da época ou pela militância política? a resposta todos a podemos dar. 

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

d. teresa


Movida pela curiosidade não resisti em pegar-lhe. Há algum tempo que tenho pensado no inicio da História de Portugal e que D. Teresa não era somente condessa de portucale, entregue por dote de casamento, e muito menos alguém preso num castelo por vontade do filho que se tornaria no primeiro rei de Portugal. 
A História não se faz de faits-divers, e este livro está cheio deles, e de diálogos muito pouco prováveis para a época histórica em questão. Todavia a História nem sempre é justa e verdadeira para com os seus protagonistas e sendo assim, por vontade de quem a escreveu,  há fortes sobre os quais não reza, justamente, a História. 

terça-feira, 1 de setembro de 2015

vai o viajante # 4

Era um dia de chuva e desencanto. O viajante pensava que o desencantamento que sentia seria bom, afinal ele esvazia, liberta, desprende. E a viagem decorria pelo pensamento. Mas decidido entrou no carro e fez-se à estrada. Não as secundárias em que se perde e encontra, mas as diretas a um destino, menos encantadoras mas rápidas. Em poucos momentos as paisagens transformam-se, as montanhas dão lugar às planícies, o manto verde torna-se amarelo, mas para já o objetivo do viajante é encontrar o azul . Vai confiante e desprendido, pronto para chegar a um lugar que entretanto ficou menos nítido na sua memória. Com certeza que na imensidão deste pequeno quadrado irá se surpreender com novos lugares, é disso que o viajante gosta. A viagem continua. Encontrará poemas num qualquer banco de jardim.

Ser doido alegre que maior ventura!
Morrer vivendo pra além da verdade.
É tão feliz quem goza tal loucura.
Que nem na morte crê, que felicidade! 

António Aleixo - Ser Doido Alegre in ,  Este livro que vos deixo.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

terça-feira, 11 de agosto de 2015

vai o viajante # 3


Vai o viajante percorrendo a estrada que o fará chegar, não a um local desconhecido, mas a um local que tem algo único, que agrega paisagem natural e edificada, como o viajante acha que nunca viu. Já lá esteve num fim de tarde em que o sol a pôr-se inundou de luz rosada o cenário conhecido há anos pelos livros e com o qual se encantou. Nesse dia não tinha levado a máquina que eterniza imagens e por isso comprometeu-se voltar. No caminho temeu não encontrar a mesma luz, temeu não encantar-se, temeu que o tempo não voltasse atrás. Ao chegar nada havia a recear. Da mesma forma o viajante ficou surpreendido com a pedra de um edifício simples, robusto, pleno de símbolos de um tempo há tanto passado. Há volta do mesmo , ergueram-se outros edifícios, ruas estreitas, uma pequena praça, caminhos que levam peregrinos a um “lugar” maior, uma estátua construída pela imaginação dos homens sobre o outro que deu nome à terra – S. Pedro de Rates. O viajante não consegue encontrar muitas palavras para descrever o que viu. Vinha a pensar nelas quando se perdeu no caminho. E teve que acrescentar, ao seu pensamento, tantos nomes de terras e falar com tanta gente que estava em silêncio, até encontrar o seu caminho. A viagem continua. 
" A memória do passado vive na alma da gente e nas pedras que erguem a História."

domingo, 9 de agosto de 2015

musicole de verano*



* que vendo bem é um "remake" do anel do noivado do trio odemira

quinta-feira, 23 de julho de 2015

sê vivo

Vive o instante que passa. Vive-o com intensidade até à última gota de sangue. É um instante banal, nada há nele que o distinga de mil outros instantes vividos. E no entanto ele é o único por ser irrepetível e isso o  distingue de qualquer outro. Porque nunca mais ele será o mesmo nem tu que o estás vivendo. Absorve-o todo em ti, impregna-te dele e que nele não seja pois em vão no dar-se todo a ti. Olha o sol difícil entre as nuvens, respira à profundidade de ti, ouve o vento. Escuta as vozes longínquas de crianças, o ruído de um motor  que passa na estrada, o silêncio que isso envolve e que fica. E pensa-te a ti que disso te apercebes, sê vivo aí, pensa-te aí, senta-te aí. E que nada se perca infinitesimalmente no mundo que vives e na pessoa que és. 

Vergílio Ferreira - Conta Corrente IV