domingo, 27 de dezembro de 2020

para terminar


* A Fada Madrinha conta um segredo a Pinóquio - Paula Rego, 1995.

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

estado da arte


 
* retrato arquivo da foto Pelicano;
* fotografia e memória;
* « Afigura-se-me que há duas formas de olhar para as rápidas transformações por que o mundo passa. Muitos vêem sobretudo o que muda, outros procuram surpreender o que a despeito delas, permanece.» - Orlando Ribeiro, 1945
* keep going.

sábado, 9 de maio de 2020

os dias sem surpresa*



Os dias mais silenciosos são dia magros
como a diet coke, são dias em que nem sequer notamos
os navios doentes, navios de quarentena onde,
felizmente, nunca poderíamos ter chegado a entrar,
nunca teríamos chegados a chegar
por não sermos capazes da primeira partida.

Os dias mais silenciosos não são tristes:
são de rejeitar cruzeiros fixos, pasteleiros de máscara
de ferro a fazerem bolos doentes para hóspedes doentes.

O mundo, Drummond, o vasto mundo está horrível
e tudo o que consigo é pedir um um copo de branco,
Dona Ermelinda de Freitas, o mais barato da esplanada
cheia de gente espantada com ainda haver sol.

Os dias mais silenciosos têm uma bandeira vertical,
caída de não haver vento, e muita gente
a andar de bicicleta.

Aos 40 anos, tudo o que desejo são estes dias
sem surpresa: chegar ao céu, sentar-me,
efectuar o pagamento no acto da entrega.

*filipa leal, aos 40 anos;
*edward hopper, jo sketching at good harbor beach, 1925–28

sábado, 2 de maio de 2020

tempo em movimento


Um presente das coisas passadas, um presente das coisas presentes, e um presente das coisas futuras. O presente das coisas passadas é a memoria ; o presente das coisas presentes é a vida, e o presente das coisas futuras, é a espera.

* Confissões, Agostinho de Hipona;
* o tempo- passado e presente, Paula Rego 1990.

quinta-feira, 30 de abril de 2020

caminho de abril#3


O que já se alcançou em democracia e o tanto de caminho que há para fazer em consciência cívica. 
Consegui ver aqui pessoas iguais a tantas lutadoras que conheço, a tantos que ousam sonhar com um vida plena de tudo. 

sábado, 25 de abril de 2020

filhos da madrugada*


Primeiro foi Vilhs a esculpir na parede de sua casa Zeca Afonso ao som de Grândola, depois o Nuno Lopes cantou e Depois do Adeus, fechou Capicua com palavras de Sophia e Godinho e começou o dia "inicial inteiro e limpo" no Corpo Dormente;
Depois foi a casa da democracia aberta a discursos, aqueles que continuam contra mas aproveitar para fazer ruído numa manhã clara (irritantes mas eleitos) e outro que não quer aproveitar as polémicas (qualquer dia voto no rio) e o presidente disse tudo e eu gostei. Apetecia-me repetir tudo o que disse virada para a televisão quando certos deputados comentaram o discurso, mas não vale a pena estragar.
Este dia, pelo qual tantos ansiaram e lutaram, chegou há 46 anos e nunca será demais lembrar, evocar, não esquecer. Desde as civilização antigas que se reforça através da memória momentos, nomes e datas..isso compõe a memória colectiva de uma sociedade e isso reforça a coesão de um grupo. E é uma pena que nem todos percebam isso.

Viva a Liberdade.Viva o 25 de abril, sempre.

Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nós vamos
À procura de quem nos traga
Verde oliva de flor nos ramos
Navegamos de vaga em vaga
Não soubemos de dor nem mágoa
Pelas praia do mar nós vamos
À procura da manhã clara

quinta-feira, 23 de abril de 2020

dia do livro*

" Uma ideia forte comunica um pouco da sua força ao contraditor. Participando do valor universal dos espíritos, ela insere-se, enxerta-se no espírito daquele por ela refutado, no meio das adjacentes, com a ajuda das quais, recuperando alguma vantagem , a completa, a rectifica; de tal modo que a sentença final é de certa maneira obra das duas pessoas que discutiam. É às ideias, que a bem dizer não são ideias que, não estando agarradas a nada, não acham qualquer ponto de apoio, qualquer ramo fraterno no espírito do adversário, que este, a braços com o puro vazio, nada encontra para responder."

*em busca do tempo perdido, marcel proust - o livro para este tempo;
* sobre histórias e ideias de História ( a que ouvi hoje sobre Alentejo e Património)

quarta-feira, 22 de abril de 2020

caminho de abril#2



*vampiros

No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada

terça-feira, 21 de abril de 2020

a faísca essencial*

* linha, forma e cor - luz -
* a arte que se reinventa, que permite o sonho e o não esquecimento de todos os momentos da História neste belíssimo programa Civilizações.
* piet mondrien, farol westkapelle, 1909.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

caminho de abril #1

A malta pode variar assim um bocado de estar há algum tempo em casa e tal, mas eu não consigo perceber como está tudo a passar-se por causa do 25 de abril. Ora o ano passado a discussão era aiiii o 25 de abril é de todos, e os de esquerda só o querem para si..não pode ser !!!!e agora o panorama é aii não houve Páscoa não pode haver comemoração da liberdade
A sociedade tem rituais dos quais precisa muitas vezes para assinalar momentos, fortalecer ideias, ultrapassar fases..a Páscoa é o momento de maior importância da fé cristã mas ela...a fé , é maior que os símbolos e de que os rituais, que são tantas vezes automáticos e pouco reflectidos e que ainda passam por comer arroz de marisco na sexta e cabrito no domingo. A cruz , a fé e a Páscoa estão para além disso e o 25 de abril como é de toda a gente, todos o podem assinalar da maneira que quiserem ou não, como os chicões - ventura e companhia lda desta vida que podem sempre dar um show nos circos (perdão no hemiciclo) que não está de todo fechado, da nossa democracia. 
assim seja.

*para mais informações pressione o canal 5 artv;

sábado, 18 de abril de 2020

calendários da memória*


Encontros de Amor num País em Guerra:
- tem na capa uma pintura de René Magritte :os pensamentos do acrobata de 1928;
- tem na primeira página uma data, das que ficam no calendário das comemorações, e um elogio à obra de Luís Sepúlveda que serpenteia entre os encontros e desencontros da vida real e que inspiram esta narrativa, onde se sublinham as súbitas aproximações e temporários distanciamentos, de momentos da memória e do esquecimento dos quais depende a alquimia da felicidade. O livro dividido por narrativas trata da aventura, da politica, do amor e da guerra, da viagem e da utopia, da ironia e do mistério. O mistério do que podia ter sido e não foi, do que foi vivido ou sonhado e que transporta os leitores para sonhos reais ou imaginados de Luís Sepúlveda; 
- da segunda página , até hoje, passaram mais de vinte anos e acrobacias...da terceira página ao final  do livro um dia;
- de uma frase sublinhada a várias:
"Se depois de tudo isto continuar a ler, sentirei que acaba de propiciar-me duas amistosas palmadinhas no ombro e que poderei então continuar a falar e a escrever. Percebe com que liberdade nos podemos entender? (...) Você e eu estamos cumprindo a função mágica da literatura."

*página 202 - do que é mais que um livro:
1949
1980
1999
2020

sexta-feira, 17 de abril de 2020

quinta-feira, 16 de abril de 2020

estado da arte #5


o meu turista preferido
talvez nunca tenha sentido na minha vida uma alegria tão incondicional como a que aqui há tempos me chegou numa distraída noticia de imprensa, transcrevo: " um guarda - sol arrastado pelo vento  matou um turista numa praia do adriático" que as potências ocultas hajam deposto num guarda-sol a capacidade executiva de uma justiça que qualquer espírito medianamente são reclamara, pareceu-me da mais subtil e engenhosa fantasia .
o turista como se sabe é logo a seguir à galinha de aviário ou não, o animal menos viável da criação. a sua importância inexpressiva que nem o génesis ou qualquer outro (..) se lhe refere. 
o turista foi concebido e posto em circulação devido ao facto puramente acidental de haver lugares vagos nos meios de transporte e de haver florescimento a mais na economia de alguns países ao mesmo tempo que havia florescimento a menos na economia de outros. 
o turista é destituído de órgãos de visão , de audição, não vê nada, não ouve nada. o seu único órgão é um livro de travelers cheques. os países pobres importam este bicho como penúltimo recurso, o último é a exportação de trabalhadores.
o turista é habilmente manuseado desta maneira: tira-se de um hotel, enfia-se num avião e mete-se noutro hotel. serve- se recheado às bocas famintas. tudo isto dá direito aos pobres de se vingarem de vez em quando.
excelente parece-me ser quando um guarda-sol se faz inteligência dos factos: aparecendo na linha de água e de areia de um conspurcado adriático um cadáver em estado definitivamente turístico...

* eduard hopper, gloucester beach, bass rocks-1924
* o meu turista preferido - herberto helder ( e outros intlectuais que refletem na diferença entre viajantes e turistas) , aqui : agora que nada será como (d)ante 

domingo, 12 de abril de 2020

domingo da ressurreição


* ciprestes - van gogh, 1889 : símbolo de infinito e eternidade

sábado, 11 de abril de 2020

sábado



Ombra mai fu
di vegetabile
cara ed amabile
soave più*

sexta-feira, 10 de abril de 2020

sexta


* o sepultamento de Cristo - caravaggio, 1602/03
 * via sacra 

quinta-feira, 9 de abril de 2020

quinta


Chegou, pois, a Simão Pedro. Este disse-lhe: «Senhor, Tu é que me lavas os pés?» Jesus respondeu-lhe: «O que Eu estou a fazer tu não o entendes por agora, mas hás-de compreendê-lo depois.» Disse-lhe Pedro: «Não! Tu nunca e hás-de lavar os pés!» Replicou-lhe Jesus: «Se Eu não te lavar, nada terás a haver comigo.» Disse-lhe, então, Simão Pedro: «Ó Senhor! Não só os pés, mas também as mãos e a cabeça!» (...) Na verdade, dei-vos exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais também. 


João 13,1-15
* Jesus lava os pés a Pedro - ford madox brow, 1893

terça-feira, 7 de abril de 2020

terça


 Entretanto, Pedro estava sentado no pátio. Uma criada aproximou-se dele e disse-lhe: «Tu também estavas com Jesus, o galileu». Mas ele negou diante de todos, dizendo:
«Não sei o que dizes».Dirigindo-se para a porta, foi visto por outra criada que disse aos circunstantes:
«Este homem estava com Jesus de Nazaré». E, de novo, ele negou com juramento:
«Não conheço tal homem». Pouco depois, aproximaram-se os que ali estavam e disseram a Pedro:
«Com certeza tu és deles, pois até a fala te denuncia». Começou então a dizer imprecações e a jurar:
«Não conheço tal homem». E, imediatamente, um galo cantou. Então, Pedro lembrou-se das palavras que Jesus dissera: «Antes do galo cantar, tu Me negarás três vezes».
E, saindo, chorou amargamente.

* as lágrimas de S. Pedro - El Greco, 1580;
*  Mt 26,14 - 27,66

segunda-feira, 6 de abril de 2020

estado da arte #4


" É com efeito difícil para todos nós calcular exactamente em que escala as nossas palavras, os nossos movimentos se revelam aos outros; receosos de exagerarmos aos nossos olhos a nossa importância e aumentando em proporções enormes o campo visual por onde são obrigadas a espalhar-se as recordações dos outros no decurso das suas vidas, imaginamos que as partes acessórias do nosso discurso, das nossas atitudes, quase não penetram na consciência e , por maioria de razão , não permanecem na memória daqueles com quem conversámos." 

* edward hopper - cape cod morning, 1950;
* marcel proust - em busca do tempo perdido.

domingo, 5 de abril de 2020

domingo



Ainda Jesus estava a falar, quando chegou Judas, um dos Doze, e com ele uma grande multidão, com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo.O traidor tinha-lhes dado este sinal:
«Aquele que eu beijar, é esse mesmo. Prendei-O». Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse-Lhe:«Salve, Mestre!».E beijou-O. Jesus respondeu-lhe:
«Amigo, a que vieste?».

* Mt 26,14 - 27,66 
* caravaggio  - a captura de Cristo, 1606

sábado, 4 de abril de 2020

estado da arte #3


"Os nomes são por certo desenhadores fantasistas , pois nos dão das pessoas e dos países debuxos tão pouco parecidos que sentimos muitas vezes uma espécie de assombro quando temos diante de nós em lugar do mundo imaginado o mundo visível ( que não é aliás o mundo verdadeiro, já que os nossos  sentidos também não possuem o dom da semelhança muito mais do que a imaginação, de tal modo que os desenhos  enfim aproximados que se podem obter da realidade  são pelo menos tão diferentes  do mundo visto como este o era do mundo imaginado)." 

* marcel proust - em busca do tempo perdido;
* looking out - paula rego, 1997.

terça-feira, 31 de março de 2020

sexta-feira, 27 de março de 2020

Perché hai così paura? Non hai ancora fede?


Ao entardecer…» (Mc 4, 35): assim começa o Evangelho, que ouvimos. Desde há semanas que parece o entardecer, parece cair a noite. Densas trevas cobriram as nossas praças, ruas e cidades; apoderaram-se das nossas vidas, enchendo tudo dum silêncio ensurdecedor e um vazio desolador, que paralisa tudo à sua passagem: pressente-se no ar, nota-se nos gestos, dizem-no os olhares. Revemo-nos temerosos e perdidos. À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Demo-nos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados mas ao mesmo tempo importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo encorajamento. E, neste barco, estamos todos, todos. Tal como os discípulos que, falando a uma só voz, dizem angustiados «vamos perecer» (cf. 4, 38), assim também nós nos apercebemos de que não podemos continuar estrada cada qual por conta própria, mas só o conseguiremos juntos.
Rever-nos nesta narrativa, é fácil; difícil é entender o comportamento de Jesus. Enquanto os discípulos naturalmente se sentem alarmados e desesperados, Ele está na popa, na parte do barco que se afunda primeiro… E que faz? Não obstante a tempestade, dorme tranquilamente, confiado no Pai (é a única vez no Evangelho que vemos Jesus a dormir). Acordam-No; mas, depois de acalmar o vento e as águas, Ele volta-Se para os discípulos em tom de censura: «Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» (4, 40).
Procuremos compreender. Em que consiste esta falta de fé dos discípulos, que se contrapõe à confiança de Jesus? Não é que deixaram de crer N’Ele, pois invocam-No; mas vejamos como O invocam: «Mestre, não Te importas que pereçamos?» (4, 38) Não Te importas: pensam que Jesus Se tenha desinteressado deles, não cuide deles. Entre nós, nas nossas famílias, uma das coisas que mais dói é ouvirmos dizer: «Não te importas de mim». É uma frase que fere e desencadeia turbulência no coração. Terá abalado também Jesus, pois não há ninguém que se importe mais de nós do que Ele. De facto, uma vez invocado, salva os seus discípulos desalentados.
A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade. A tempestade põe a descoberto todos os propósitos de «empacotar» e esquecer o que alimentou a alma dos nossos povos; todas as tentativas de anestesiar com hábitos aparentemente «salvadores», incapazes de fazer apelo às nossas raízes e evocar a memória dos nossos idosos, privando-nos assim da imunidade necessária para enfrentar as adversidades.
Com a tempestade, caiu a maquilhagem dos estereótipos com que mascaramos o nosso «eu» sempre preocupado com a própria imagem; e ficou a descoberto, uma vez mais, aquela abençoada pertença comum a que não nos podemos subtrair: a pertença como irmãos.

* «Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Nesta tarde, Senhor, a tua Palavra atinge e toca-nos a todos. Neste nosso mundo, que Tu amas mais do que nós, avançamos a toda velocidade, sentindo-nos em tudo fortes e capazes. Na nossa avidez de lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos face a guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente enfermo. Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente. Agora nós, sentindo-nos em mar agitado, imploramos-Te: «Acorda, Senhor!»

«Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Senhor, lanças-nos um apelo, um apelo à fé. Esta não é tanto acreditar que Tu existes, como sobretudo vir a Ti e fiar-se de Ti. Nesta Quaresma, ressoa o teu apelo urgente: «Convertei-vos…». «Convertei-Vos a Mim de todo o vosso coração» (Jl 2, 12). Chamas-nos a aproveitar este tempo de prova como um tempo de decisão. Não é o tempo do teu juízo, mas do nosso juízo: o tempo de decidir o que conta e o que passa, de separar o que é necessário daquilo que não o é. É o tempo de reajustar a rota da vida rumo a Ti, Senhor, e aos outros. E podemos ver tantos companheiros de viagem exemplares, que, no medo, reagiram oferecendo a própria vida. É a força operante do Espírito derramada e plasmada em entregas corajosas e generosas. É a vida do Espírito, capaz de resgatar, valorizar e mostrar como as nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns (habitualmente esquecidas), que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas, nem nas grandes passarelas do último espetáculo, mas que hoje estão, sem dúvida, a escrever os acontecimentos decisivos da nossa história: médicos, enfermeiros e enfermeiras, trabalhadores dos supermercados, pessoal da limpeza, curadores, transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos – mas muitos – outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho.

Perante o sofrimento, onde se mede o verdadeiro desenvolvimento dos nossos povos, descobrimos e experimentamos a oração sacerdotal de Jesus: «Que todos sejam um só» (Jo 17, 21). Quantas pessoas dia a dia exercitam a paciência e infundem esperança, tendo a peito não semear pânico, mas corresponsabilidade! Quantos pais, mães, avôs e avós, professores mostram às nossas crianças, com pequenos gestos do dia a dia, como enfrentar e atravessar uma crise, readaptando hábitos, levantando o olhar e estimulando a oração! Quantas pessoas rezam, se imolam e intercedem pelo bem de todos! A oração e o serviço silencioso: são as nossas armas vencedoras.

«Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» O início da fé é reconhecer-se necessitado de salvação. Não somos autossuficientes, sozinhos afundamos: precisamos do Senhor como os antigos navegadores das estrelas. Convidemos Jesus a subir para o barco da nossa vida. Confiemos-Lhe os nossos medos, para que Ele os vença. Com Ele a bordo, experimentaremos – como os discípulos – que não há naufrágio. Porque esta é a força de Deus: fazer resultar em bem tudo o que nos acontece, mesmo as coisas más. Ele serena as nossas tempestades, porque, com Deus, a vida nunca morre.

O Senhor interpela-nos e, no meio da nossa tempestade, convida-nos a despertar e ativar a solidariedade e a esperança, capazes de dar solidez, apoio e significado a estas horas em que tudo parece naufragar.

O Senhor desperta, para acordar e reanimar a nossa fé pascal. Temos uma âncora: na sua cruz, fomos salvos. Temos um leme: na sua cruz, fomos resgatados. Temos uma esperança: na sua cruz, fomos curados e abraçados, para que nada e ninguém nos separe do seu amor redentor. No meio deste isolamento que nos faz padecer a limitação de afetos e encontros e experimentar a falta de tantas coisas, ouçamos mais uma vez o anúncio que nos salva: Ele ressuscitou e vive ao nosso lado. Da sua cruz, o Senhor desafia-nos a encontrar a vida que nos espera, a olhar para aqueles que nos reclamam, a reforçar, reconhecer e incentivar a graça que mora em nós. Não apaguemos a mecha que ainda fumega (cf. Is 42, 3), que nunca adoece, e deixemos que reacenda a esperança.

Abraçar a sua cruz significa encontrar a coragem de abraçar todas as contrariedades da hora atual, abandonando por um momento a nossa ânsia de omnipotência e possessão, para dar espaço à criatividade que só o Espírito é capaz de suscitar. Significa encontrar a coragem de abrir espaços onde todos possam sentir-se chamados e permitir novas formas de hospitalidade, de fraternidade e de solidariedade. Na sua cruz, fomos salvos para acolher a esperança e deixar que seja ela a fortalecer e sustentar todas as medidas e estradas que nos possam ajudar a salvaguardar-nos e a salvaguardar. Abraçar o Senhor, para abraçar a esperança. Aqui está a força da fé, que liberta do medo e dá esperança.

«Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Queridos irmãos e irmãs, deste lugar que atesta a fé rochosa de Pedro, gostaria nesta tarde de vos confiar a todos ao Senhor, pela intercessão de Nossa Senhora, saúde do seu povo, estrela do mar em tempestade. Desta colunata que abraça Roma e o mundo desça sobre vós, como um abraço consolador, a bênção de Deus. Senhor, abençoa o mundo, dá saúde aos corpos e conforto aos corações! Pedes-nos para não ter medo; a nossa fé, porém, é fraca e sentimo-nos temerosos. Mas Tu, Senhor, não nos deixes à mercê da tempestade. Continua a repetir-nos: «Não tenhais medo!» (Mt 14, 27). E nós, juntamente com Pedro, «confiamos-Te todas as nossas preocupações, porque Tu tens cuidado de nós» (cf. 1 Ped 5, 7).


Papa Francisco:
a praça abraço vazia mas cheia de palavras sentidas e cheias de sentido;
Perché hai così paura? Non hai ancora fede?

sábado, 21 de março de 2020

o espiritual na arte*


Kandinsky considerava que toda a arte é espiritual . Isso não tem que ver apenas e só com a religiosidade mas com a forma como o Homem constrói, admira, mistura influências e culturas, contesta, acrescenta e limpa, demonstra poder, idolatriza através de  pintura, escultura, caligrafia, arquitectura, video art...tudo o que possa tocar um mundo para lá do nosso. 

* civilizações 

quinta-feira, 19 de março de 2020

paz nos desaventos*



* elis regina, tem várias músicas que fazem parte das minhas preferidas;
* o filme biográfico que passou no canal 2 mostrou o seu percurso.

quarta-feira, 18 de março de 2020

turismo acessível*

Há uma UC do mestrado em que o professor tem um blog para discussão pública dos trabalhos dos alunos..
Por estes dias não há comunidade que o vá discutir. Para registo do IMPACTE  eu deixo aqui também.
É  Portugal um destino acessível ?http://planeamentoterritorial.blogspot.com/2020/03/portugal-destino-turistico-acessivel.html

* só para pensarmos em outras coisas e não impacte que isto tudo vai ter.

domingo, 8 de março de 2020

dia internacional da mulher ou és a rainha da noite



Este blogue já tem uma certa antiguidade e o tema já aqui foi tratado - o dia internacional da mulher, há precisamente cinco anos num domingo de sol, as famílias rumaram em busca de restaurantes para assinalar o dia. Hoje a chuva e o covid19 não estão tão convidativos, mas nas redes sociais não faltam flores, votos de feliz dia, e momentos sobre a noite de passagem para o dia oito com tudo a bombar : "és a rainha da noite"..é realmente de arrasar. Vou fugir ao trocadilho fácil , até porque já achei mais piada ao vasco palmeirim,  e focar-me no que me arrasa assim um bocadinho nestas comemorações. 
Eu sou das que gostam de festa, que não precisa de desculpa ou motivo para celebrar-conviver-socializar (termo que não uso há muito mas que num longo período de tempo usava aqui no blogue). Acho muito bem jantares só de mulheres, só de amigas ou amigos, com crianças , sem crianças e tudo e tudo..mas a pessoa aperaltar-se toda para ir com as amigas, colegas ou conhecidas para uma cena tipo vamos celebrar ser mulher...num dia que foi designado para a luta pela igualdade de oportunidade e condições de trabalho e não um dia por quem nasceu mulher. Embora tenha sido essa condição que fez com que mulheres de uma unidade fabril em 1857, tenham morrido num incêndio, na sequência de protestos de revindicação de  horas mais justas de trabalho. Não me parece de todo a melhor forma de combater as desigualdades, de chamar a atenção para os problemas que ainda hoje são uma realidade, de aproveitar o direito da Liberdade pelo qual Homens e Mulheres lutaram e continuam a lutar, sendo certo que neste direito todas são livres para cantar : és a rainha da noite . Pois, sou!!!!!!!!!!!!

* Retrato de Adele Bloch Bauer - Gustave Klimt 1907 

domingo, 1 de março de 2020

estado da arte # 2


* barroco - para dias cinzentos de inverno;
* casa dos condes de bertiandos.

sábado, 29 de fevereiro de 2020

mais uma série da 2


Eu vejo todas as séries que passam no canal 2 na minha hora de ver televisão. o canal tem passado séries  europeias de muita qualidade..a que está a passar no momento tem tudo o que gosto e personagens incríveis. Chama-se a Peste..a da doença , da máfia, da luta pelo poder, da sobrevivência na Sevilha do século XVI nas mesmas lutas de todos os tempos. 
* mateo e teresa pinelo

domingo, 16 de fevereiro de 2020

estado da arte #1


um anjo
está contigo
quando desanimas
um anjo 
está contigo
quando te alegras
sempre 
um anjo
está contigo
E
o arco-íris 
brilha
como a água 
que corre.

* Adília Lopes;
* jardim do museu do museu dos biscainhos;
* barroco em dias cinzentos de Inverno.

domingo, 12 de janeiro de 2020

2020

sem pérolas nem corais:
Que a arte, a poesia, as palavras e a música desenvolvam ânsia de fazer da vida algo de extraordinário. 
entre o fim e o principio:
* história e memória - jaques le goff
* como as sociedades recordam - paul connerton
* a escrita da história - josé mattoso
* a câmara clara - roland barthes
* ensaios sobre a fotografia - susan sontag
* simon and garfunkel ( best of ou todas..)
* aretha franklin (best of)
*george michael - heal de pain
* cindy lauper - time after time
* todas as da rádios sim que agora quer dizer não há continuidade..aquela do ed sheron com o justin..
* last cristmas e todas as de natal principalmente "ele é jesus no comando" da comercial
* o concerto de ano novo da filarmónica de viena
*a visita à casa museu guerra junqueiro e ao museu romântico da quinta da macieirinha
* chagall, o violinista azul, 1947