sexta-feira, 27 de novembro de 2015

do livro das citações


" A arte diz o indizível; exprime o inexprimível; traduz o intraduzível."
Leonardo Da Vinci

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

vai o viajante # 6





O viajante tinha planeado o próximo destino. Mas planos são coisas que o viajante já sabe há muito que não deve fazer. Teve pena mas como há tanto para ver, seguiu a rota do que está perto no espaço mas longe no tempo. Recuou ao ano 1000, altura provável da construção do castelo da póvoa de Lanhoso. Ao certo ninguém tem a certeza destas coisas, mas que D. Teresa a condessa rainha lá esteve é certo. Primeiro refugiou-se naquela construção inexpugnável, assente no maior monolítico granitóide português, fugindo dos exércitos da sua irmã D. Urraca e mais tarde conforme diz a tradição teria sido aqui presa pelo seu filho, após a derrota na batalha de S. Mamede. O viajante reflete um pouco sobre esta dupla função do castelo - refugio e prisão. Certo é que de original resta pouco desta fortificação. A sua dimensão era muito maior, mas grande parte foi destruído num incêndio ateado pelo próprio alcaide daquelas terras, que lá encontrou a sua amada esposa com o amante, um monge das terras de Bouro. Mais tarde chegou um homem enriquecido que decidiu dar aquele monte, uma conotação religiosa e assim mostrar o seu fervor espiritual e temporal. A igreja que agora se encontra no monte do pilar e capelas com via sacra foram construídas com as pedras originais do castelo. Pouco restou até que outro ser, também ele fervoroso, procurou recuperar os sentimentos de patriotismo apostando na reconstrução de monumentos nacionais com relevo na importância da história de Portugal. Graças a ele, diz o guia da torre do castelo, podemos estar dentro destes muros. O viajante assiste a um elucidativo vídeo sobre o castelo, liga os acontecimentos e os personagens, admira a paisagem envolvente, imagina exércitos e lutas. Segue para a vila e encontra Maria da Fonte, personagem de um tempo mais próximo, heroína que luta contra uma das mais polémicas leis do governo de Costa Cabral, a criação dos cemitérios. E nisto o viajante não se demora. A luta é tão circunstancial ao tempo, ao medo e ao fervor, embora quem procure na História encontrará os verdadeiros motivos e consequências da rebelião do Minho. O viajante prefere calcar as folhas e ouvir o seu estalar a cada passo. Prefere ver as cores das árvores e sentir o sol quente deste Outono. O dia ainda não acabou e o viajante decide procurar algo que há muito conhece mas só dos livros. Curiosamente são daquela freguesia as mulheres que iniciam a revolta contra a lei de Cabral – Fontarcada. Havia um mosteiro românico do qual só resta a igreja, imponente na sua pedra rústica plena de símbolos. O portal com o agnus dei, as voltas e arquivoltas, a porta do sol, a cachorrada, a cabeceira destacada. Entristece-se com a porta fechada, mas enquanto dá a volta ao exterior, aparece qual S. Pedro de chave na mão, a sacrastiã que se apressa a explicar que não podem fazer obras. O viajante está a observar a grande entrada de luz, a rosácea maior e a mais pequena cheia de luz e cor, não lhe apetece falar, mas tem que explicar o encanto deste templo assim como era e como está. Não compreende se a senhora percebeu mas sente-lhe o orgulho. O sol vai partir, dura pouco nestes dias, e o viajante parte com ele. Sem planos, a viagem continua.

domingo, 22 de novembro de 2015

o bunker 3ª parte


Era março do ano de 2010 e eu teci, em partes, uma reflexão sobre a minha clínica de fisioterapia - o  bunker. Este blog ou blogue, hesito sempre nestas nomenclaturas (porque há gente a viver da arte de blogar ), existe há tanto tempo que eu já não me lembrava desta grande reflexão. 
Pois alguém me lembrou eu fui ler e ohhhhhhh eu estava mesmo indignada e fiz promessas que não cumpri. As instalações não mudaram, eu passei a frequentar muito menos ( só manutenção), não contando as entorses, a passadeira para mim funciona (porque a velocidade não é de corrida), há mais uma monark ( bicicleta estática saída do museu), há uns posters super elucidativos de faça você mesmo ( risos, muitos risos). Depois de cinco anos sigo com o mesmo médico. Os fisioterapeutas, circulam muito, claro que isso deve-se à crise, à politica de emprego que permite que se façam muitos estágios profissionais, muitos recibos verdes e salários vergonhosos para quem, com tanta dedicação, cuida da recuperação e bem estar dos outros. Daí não deve sair lucro nenhum, coitados. E cada vez há menos doentes ou utentes ou clientes, que isto da saúde ser negócio é complicado.De qualquer forma há que publicitar o produto, renovar a imagem. No fundo, bem no fundo, lá na cave, depois de descer as escadas ou a seguir à sala de espera minúscula, ambientada com cheiro montanha, há alguém que olha por si. Que profundo.

sábado, 21 de novembro de 2015

sundays of life *


* ou a mais bonita foto que tirei

domingo, 1 de novembro de 2015

do livro das citações

"Somente quem não legou afetos, olhará as urnas com tristeza."

Foscolo