quinta-feira, 30 de abril de 2020

caminho de abril#3


O que já se alcançou em democracia e o tanto de caminho que há para fazer em consciência cívica. 
Consegui ver aqui pessoas iguais a tantas lutadoras que conheço, a tantos que ousam sonhar com um vida plena de tudo. 

sábado, 25 de abril de 2020

filhos da madrugada*


Primeiro foi Vilhs a esculpir na parede de sua casa Zeca Afonso ao som de Grândola, depois o Nuno Lopes cantou e Depois do Adeus, fechou Capicua com palavras de Sophia e Godinho e começou o dia "inicial inteiro e limpo" no Corpo Dormente;
Depois foi a casa da democracia aberta a discursos, aqueles que continuam contra mas aproveitar para fazer ruído numa manhã clara (irritantes mas eleitos) e outro que não quer aproveitar as polémicas (qualquer dia voto no rio) e o presidente disse tudo e eu gostei. Apetecia-me repetir tudo o que disse virada para a televisão quando certos deputados comentaram o discurso, mas não vale a pena estragar.
Este dia, pelo qual tantos ansiaram e lutaram, chegou há 46 anos e nunca será demais lembrar, evocar, não esquecer. Desde as civilização antigas que se reforça através da memória momentos, nomes e datas..isso compõe a memória colectiva de uma sociedade e isso reforça a coesão de um grupo. E é uma pena que nem todos percebam isso.

Viva a Liberdade.Viva o 25 de abril, sempre.

Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nós vamos
À procura de quem nos traga
Verde oliva de flor nos ramos
Navegamos de vaga em vaga
Não soubemos de dor nem mágoa
Pelas praia do mar nós vamos
À procura da manhã clara

quinta-feira, 23 de abril de 2020

dia do livro*

" Uma ideia forte comunica um pouco da sua força ao contraditor. Participando do valor universal dos espíritos, ela insere-se, enxerta-se no espírito daquele por ela refutado, no meio das adjacentes, com a ajuda das quais, recuperando alguma vantagem , a completa, a rectifica; de tal modo que a sentença final é de certa maneira obra das duas pessoas que discutiam. É às ideias, que a bem dizer não são ideias que, não estando agarradas a nada, não acham qualquer ponto de apoio, qualquer ramo fraterno no espírito do adversário, que este, a braços com o puro vazio, nada encontra para responder."

*em busca do tempo perdido, marcel proust - o livro para este tempo;
* sobre histórias e ideias de História ( a que ouvi hoje sobre Alentejo e Património)

quarta-feira, 22 de abril de 2020

caminho de abril#2



*vampiros

No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada

terça-feira, 21 de abril de 2020

a faísca essencial*

* linha, forma e cor - luz -
* a arte que se reinventa, que permite o sonho e o não esquecimento de todos os momentos da História neste belíssimo programa Civilizações.
* piet mondrien, farol westkapelle, 1909.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

caminho de abril #1

A malta pode variar assim um bocado de estar há algum tempo em casa e tal, mas eu não consigo perceber como está tudo a passar-se por causa do 25 de abril. Ora o ano passado a discussão era aiiii o 25 de abril é de todos, e os de esquerda só o querem para si..não pode ser !!!!e agora o panorama é aii não houve Páscoa não pode haver comemoração da liberdade
A sociedade tem rituais dos quais precisa muitas vezes para assinalar momentos, fortalecer ideias, ultrapassar fases..a Páscoa é o momento de maior importância da fé cristã mas ela...a fé , é maior que os símbolos e de que os rituais, que são tantas vezes automáticos e pouco reflectidos e que ainda passam por comer arroz de marisco na sexta e cabrito no domingo. A cruz , a fé e a Páscoa estão para além disso e o 25 de abril como é de toda a gente, todos o podem assinalar da maneira que quiserem ou não, como os chicões - ventura e companhia lda desta vida que podem sempre dar um show nos circos (perdão no hemiciclo) que não está de todo fechado, da nossa democracia. 
assim seja.

*para mais informações pressione o canal 5 artv;

sábado, 18 de abril de 2020

calendários da memória*


Encontros de Amor num País em Guerra:
- tem na capa uma pintura de René Magritte :os pensamentos do acrobata de 1928;
- tem na primeira página uma data, das que ficam no calendário das comemorações, e um elogio à obra de Luís Sepúlveda que serpenteia entre os encontros e desencontros da vida real e que inspiram esta narrativa, onde se sublinham as súbitas aproximações e temporários distanciamentos, de momentos da memória e do esquecimento dos quais depende a alquimia da felicidade. O livro dividido por narrativas trata da aventura, da politica, do amor e da guerra, da viagem e da utopia, da ironia e do mistério. O mistério do que podia ter sido e não foi, do que foi vivido ou sonhado e que transporta os leitores para sonhos reais ou imaginados de Luís Sepúlveda; 
- da segunda página , até hoje, passaram mais de vinte anos e acrobacias...da terceira página ao final  do livro um dia;
- de uma frase sublinhada a várias:
"Se depois de tudo isto continuar a ler, sentirei que acaba de propiciar-me duas amistosas palmadinhas no ombro e que poderei então continuar a falar e a escrever. Percebe com que liberdade nos podemos entender? (...) Você e eu estamos cumprindo a função mágica da literatura."

*página 202 - do que é mais que um livro:
1949
1980
1999
2020

sexta-feira, 17 de abril de 2020

quinta-feira, 16 de abril de 2020

estado da arte #5


o meu turista preferido
talvez nunca tenha sentido na minha vida uma alegria tão incondicional como a que aqui há tempos me chegou numa distraída noticia de imprensa, transcrevo: " um guarda - sol arrastado pelo vento  matou um turista numa praia do adriático" que as potências ocultas hajam deposto num guarda-sol a capacidade executiva de uma justiça que qualquer espírito medianamente são reclamara, pareceu-me da mais subtil e engenhosa fantasia .
o turista como se sabe é logo a seguir à galinha de aviário ou não, o animal menos viável da criação. a sua importância inexpressiva que nem o génesis ou qualquer outro (..) se lhe refere. 
o turista foi concebido e posto em circulação devido ao facto puramente acidental de haver lugares vagos nos meios de transporte e de haver florescimento a mais na economia de alguns países ao mesmo tempo que havia florescimento a menos na economia de outros. 
o turista é destituído de órgãos de visão , de audição, não vê nada, não ouve nada. o seu único órgão é um livro de travelers cheques. os países pobres importam este bicho como penúltimo recurso, o último é a exportação de trabalhadores.
o turista é habilmente manuseado desta maneira: tira-se de um hotel, enfia-se num avião e mete-se noutro hotel. serve- se recheado às bocas famintas. tudo isto dá direito aos pobres de se vingarem de vez em quando.
excelente parece-me ser quando um guarda-sol se faz inteligência dos factos: aparecendo na linha de água e de areia de um conspurcado adriático um cadáver em estado definitivamente turístico...

* eduard hopper, gloucester beach, bass rocks-1924
* o meu turista preferido - herberto helder ( e outros intlectuais que refletem na diferença entre viajantes e turistas) , aqui : agora que nada será como (d)ante 

domingo, 12 de abril de 2020

domingo da ressurreição


* ciprestes - van gogh, 1889 : símbolo de infinito e eternidade

sábado, 11 de abril de 2020

sábado



Ombra mai fu
di vegetabile
cara ed amabile
soave più*

sexta-feira, 10 de abril de 2020

sexta


* o sepultamento de Cristo - caravaggio, 1602/03
 * via sacra 

quinta-feira, 9 de abril de 2020

quinta


Chegou, pois, a Simão Pedro. Este disse-lhe: «Senhor, Tu é que me lavas os pés?» Jesus respondeu-lhe: «O que Eu estou a fazer tu não o entendes por agora, mas hás-de compreendê-lo depois.» Disse-lhe Pedro: «Não! Tu nunca e hás-de lavar os pés!» Replicou-lhe Jesus: «Se Eu não te lavar, nada terás a haver comigo.» Disse-lhe, então, Simão Pedro: «Ó Senhor! Não só os pés, mas também as mãos e a cabeça!» (...) Na verdade, dei-vos exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais também. 


João 13,1-15
* Jesus lava os pés a Pedro - ford madox brow, 1893

terça-feira, 7 de abril de 2020

terça


 Entretanto, Pedro estava sentado no pátio. Uma criada aproximou-se dele e disse-lhe: «Tu também estavas com Jesus, o galileu». Mas ele negou diante de todos, dizendo:
«Não sei o que dizes».Dirigindo-se para a porta, foi visto por outra criada que disse aos circunstantes:
«Este homem estava com Jesus de Nazaré». E, de novo, ele negou com juramento:
«Não conheço tal homem». Pouco depois, aproximaram-se os que ali estavam e disseram a Pedro:
«Com certeza tu és deles, pois até a fala te denuncia». Começou então a dizer imprecações e a jurar:
«Não conheço tal homem». E, imediatamente, um galo cantou. Então, Pedro lembrou-se das palavras que Jesus dissera: «Antes do galo cantar, tu Me negarás três vezes».
E, saindo, chorou amargamente.

* as lágrimas de S. Pedro - El Greco, 1580;
*  Mt 26,14 - 27,66

segunda-feira, 6 de abril de 2020

estado da arte #4


" É com efeito difícil para todos nós calcular exactamente em que escala as nossas palavras, os nossos movimentos se revelam aos outros; receosos de exagerarmos aos nossos olhos a nossa importância e aumentando em proporções enormes o campo visual por onde são obrigadas a espalhar-se as recordações dos outros no decurso das suas vidas, imaginamos que as partes acessórias do nosso discurso, das nossas atitudes, quase não penetram na consciência e , por maioria de razão , não permanecem na memória daqueles com quem conversámos." 

* edward hopper - cape cod morning, 1950;
* marcel proust - em busca do tempo perdido.

domingo, 5 de abril de 2020

domingo



Ainda Jesus estava a falar, quando chegou Judas, um dos Doze, e com ele uma grande multidão, com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo.O traidor tinha-lhes dado este sinal:
«Aquele que eu beijar, é esse mesmo. Prendei-O». Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse-Lhe:«Salve, Mestre!».E beijou-O. Jesus respondeu-lhe:
«Amigo, a que vieste?».

* Mt 26,14 - 27,66 
* caravaggio  - a captura de Cristo, 1606

sábado, 4 de abril de 2020

estado da arte #3


"Os nomes são por certo desenhadores fantasistas , pois nos dão das pessoas e dos países debuxos tão pouco parecidos que sentimos muitas vezes uma espécie de assombro quando temos diante de nós em lugar do mundo imaginado o mundo visível ( que não é aliás o mundo verdadeiro, já que os nossos  sentidos também não possuem o dom da semelhança muito mais do que a imaginação, de tal modo que os desenhos  enfim aproximados que se podem obter da realidade  são pelo menos tão diferentes  do mundo visto como este o era do mundo imaginado)." 

* marcel proust - em busca do tempo perdido;
* looking out - paula rego, 1997.