domingo, 13 de fevereiro de 2022

a espantosa realidade das coisas #3


e nisto deram-se umas eleições legislativas sem a minha mínima motivação para assistir a debates ou momentos políticos, tirando os analisados pelo RAP ou pela junta de boys. Na realidade achei que era tudo o que não precisamos no momento: crise politica, chumbo de orçamento, pandemia em alta, gestão de covid, depois do natal, neste tempo sem chuva, sem frio, sem inverno, com o presidente comentador a aparecer a falar muito mais do que o que devia e a provocar aquilo a que chegamos. Maioria utilitária. aquele coisinho cheio de peito e de vigaristas mais aquele povo que o acha iluminado com tiques de déspota sem nenhuma razão. Há que manter a esperança na democracia, na cidadania iluminada com a convicção que há passados que não podemos repetir pese embora a injustiça, as desigualdades, a rapidez com que geram opiniões, sensacionalismos e esquecimentos.  Há que continuar a fazer valer as palavras, a arte que convoca o sagrado, a música, os convívios, a disponibilidade dos ocupados, a beleza da natureza e espetacularidade do universo. tudo isto para chegar à espantosa realidade, das pequenas coisas: 

filmes: Adam - é como um quadro do renascimento realista e flamengo com cores pastel outras saturadas, em movimento, que trata o entendimento feminino numa discreta cumplicidade moral entre mulheres. o tempo da vida e da morte entre ruas sinuosas. é calmo, intenso e inesquecível. 

séries : Alice aos Papeis e o covid "obrigou-me " a ver a Georgina, um filme de uma senhora que transformou um castelo escocês numa moradia americana em tempo de natal e num género muito diferente VIVE emocionante e útil para compreender o caminho da acessibilidade e só para manter presente o italiano DOC. 

livros : Todos os Nomes - neste ano de centenário, voltei ao meu primeiro livro de Saramago de onde sublinhei em 2008  « ainda que os relógios queiram convencer-nos do contrário, o tempo não é o mesmo para toda a gente.» reencontrei o Sr. José, o seu tempo, a sua conservatória, o arquivo, as prateleiras, a sua aventura, o teto, a identidade. tão bom.  A Máquina de Fazer Espanhóis de Valter Hugo Mãe, que autografou o livro ( ainda em curso) sobre como tratamos os que envelhecem. Para acompanhar o livro o pintor Juan Domingues transformou as palavras em imagens na outra máquina de fazer espanhóis. 

música: ouvi muita rádio, continuo a achar um meio de comunicação fantástico. hoje que é dia internacional da rádio tenho pena ter uma voz tão fanhoosaaaaa, que de contrário era pessoa de gostar de ter um programa de rádio tipo na antena minho. ahhhhh depois lá veio a 3ª vez de assistir ao concerto de Bryan Adams, a cantar muito bem e divertido e super nostálgico com os tempos pré covid, infância em cascais e tal e tal e black pumas -colors e bateu uma cindy lauper e o seu time after time.

« A história não são as memórias dos vencedores(...) São, as memórias, dos sobreviventes, dos quais a maioria não é vitorioso nem vencido.» - Julian Barnes - O sentido do fim.