Vai o viajante montanha acima, já não se lembrava o quanto era íngreme e habitada ( até certo ponto) aquela encosta. Pensa no transporte alternativo para aquela subida. Quanto mais sobe, pela estrada, mais admirado fica com a paisagem. O verde a florescer nas árvores já compostas de folhas e entre elas as pedras, umas mais disformes que outras. O viajante relembra um filme em que as pedras têm vida (trols) que cantam, dançam e fazem magia, quando ninguém vê. Tem pena que a sua imaginação não o leve mais longe. Pensa mais no processo de erosão que transformou a paisagem. Apesar de não perceber nada de geologia, nem de falhas nas placas tectónicas que a certa altura, neste caso, há milhares de anos ergueu o chão ou partiu-o em grosseiros pedaços...Depois chegou o Homem e sabe o viajante a ligação que os homens têm com os montes de cada terra. Há que torná-los santos. Este não foi excepção. Ergueu-se um edifício, num gosto, que não agrada ao viajante. As imagens que alberga são de uma grandeza desproporcional. Como é domingo, o povo ocorreu ao monte, para assistir à missa ou para se refrescar com uma bebida ou um gelado vendidos em diversos pontos que o homem montou para rentabilizar o espaço.
O viajante não resistiu ao gelado e quedou-se a apreciar a envolvência. Esperou um pouco e percebeu o quão silencioso poderia ficar o lugar ao domingo.
A viagem continua.