domingo, 26 de março de 2017

dez

Corria o ano da pouca graça de 2007, havia um jogo da selecção, a hora ia mudar nessa madrugada e uma doença sem dores iria causar os seus estragos. O optimismo cego não permitia dramatizar um episódio que se queria passageiro e temporário. Mas o tempo iria trazer outra amplitude da realidade. Ninguém sabia como ia ser, mas estavam todos lá. Havia um quarto e um claustro que servia de sala de visitas. Havia músicas que até hoje sabe de cor. Havia esperança, promessas, noites infindáveis e manhãs reconfortantes. Havia o desespero controlado. E hoje o que há? Aquela vontade mais ou menos absurda, de que se existisse uma máquina ou melhor uma porta, que conduzisse aquele ano e de lá espreitar como seria a vida sem esta alteração. Tendo ainda quase a certeza que estaria no mesmo lugar. Afinal, às vezes, é tudo uma questão de tempo e se “ um milénio, para o sol, é como um breve suspiro nosso”, nem valerá a pena deixar que se tornem profundos pensamentos sobre o que foi e o que seria. 

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