segunda-feira, 4 de setembro de 2017

em setembro, ao fim da tarde


Eu sou daquelas que está sempre bem na praia, no inverno, no verão, de manhã ou de tarde, mas melhor ao fim da tarde. Não me canso de olhar para o mar, quando está calmo como um lago, ou quando está "bravo"  e intempestivo. Gosto de entrar no mar, de mergulhar com a mão no nariz, de ir ao fundo, de me deixar boiar nas ondas ou de mergulhar nelas, de não querer molhar o cabelo, mas molha-lo sempre. Não há sensação comparável, nem nada tão revigorante.

Mar, minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vento clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satifez.
É porque as tuas ondas desfeitas pela areia,
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida, 
Por uma nova ilusão entorpecida. 

Sophia de Mello Breyner Andresen

Sem comentários: