Temos saudades uns dos outros, de estar juntos, de viajar, de jantar. Eu também de encher caixas com postais, bilhetes de concertos, exposições e museus . Se as minhas caixas fossem pessoas estariam extremamente tristes. Aproveitei o que pude mas a vontade de ir, de sair e de estar fora de casa aumenta a cada dia de confinamento.
Hoje encontrei na crónica de Valter Hugo Mãe estas palavras* numa reflexão sobre o quanto temos estado ligados à televisão, às plataformas com conteúdos que nos entretêm nestes dias sem fim. Quando as li primeiro pensei - uauauauuuu acho sempre maravilhoso este dom que alguns têm de escrever aquilo que nos vai no pensamento e transformá-lo em palavras perfeitas; e uauauauuu que eu já pensei nisto tantas vezes: e se a gente se habitua a este estar só. Só com os de casa, só com os pensamentos, só com as opiniões, só com os livros, só com a música, só com a netflix. Só com a solidão.
*« O meu medo é de não sermos mais um colectivo coeso, pacífico, quando desligarmos os ecrãs e tivermos de recuperar a rua, o encontro com toda a gente»
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