quarta-feira, 30 de setembro de 2015

vamos votar. vamos!! vamos??

Perseguem o povo com bombos e bandeiras,fazem debates, vão às feiras e colhem amoras, cometem gaffes, fazem comícios e comem aqui e ali, e prometem, e falam, e questionam "quem chamou a troika ou quem a recebeu, quem assinou o memorando, quem se despediu dela." E depois ganham sondagens e uns ficam tristes, outros alegres e outros mantém a lata de sempre. E a realidade retira a vontade de exercer o direito, o dever, e o poder que todos os cidadãos  conscientes devem ter. 
E apela-se ao voto, mais ao útil, do que ao voto que vai eleger quem os represente. Na abstenção ganha o vencedor, porque alguém deixou de ir exercer o seu direito de escolha, com a desculpa já gasta, que são sempre os mesmos, e nada muda e o pra quê????? eu continuo na minha, a política de um Estado deve servir para proteger os mais fracos, e aí entra sempre a mesma lógica procurar: do mal o menos. 

domingo, 27 de setembro de 2015

não pares

Não te contentes com o que és, se quiseres chegar àquilo que ainda não és. De facto, onde te sentires bem, ficas parado; e até dizes para contigo: "Já chega!"Só que assim, andas para trás. Acrescenta continuamente, caminha sempre para a frente: não pares ao longo da viagem, não te voltes para trás, não te desvies. Quem não avança, retrocede.

Agostinho de Hipona - Sermão, 18:PL 38, 926. 

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

condessa rainha*


*túmulo de D. Teresa na Sé Catedral de Braga - Capela dos Reis

domingo, 20 de setembro de 2015

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

vai o viajante # 4



Encontra o viajante o azul que procurava. É um mar diferente, uma extensão de areal como já não lembrava que as praias tem, um mar tipo rio imenso e tranquilo, mas sem cheiro a maresia. E isso despraz o viajante que não se inibe em entrar e nadar naquele mar. Descansa ao sol e ao silêncio embora haja tanta gente. Procura a cidade, encontra o poeta, praças e ruas desenhas pelo iluminado marquês, que não sendo daquela terra, lhe deu forma. O viajante já lá tinha estado e mal se apercebeu das ruas rectilíneas paralelas umas às outras, tal era a confusão e o amontoado de lojas de atoalhados que sempre marcam o comércio nas fronteiras. O comércio mantém-se, mas organizado, as ruas têm vida e outro esplendor. Vai até à marina, do outro lado é Espanha. 

" Encara, rindo, a vida que o tortura,
sem ver na esmola, a falsa caridade, 
que bem no fundo é só vaidade pura,
se acaso houver pureza na vaidade.

Já que não tenho, tal como preciso,
a felicidade que esse doido tem
de ver no purgatório um paraíso...

Direi ao contemplar o seu sorriso, 
ai quem me dera ser doido também
p´ra suportar melhor quem tem juízo."

António Aleixo in Este livro que vos deixo

terça-feira, 15 de setembro de 2015

always look on the brigh side of RICE

Paragem obrigatória para rest ice compression and elevation. Nada que faça parte dos planos de alguém e que não aborreça quem tem mais que fazer. Analisemos isto como fazem os jornalistas que perecem não ter que fazer, e divagam sobre a foto do preso em domicílio a assistir a debates, com não sei quantos amigos, quadros na parede, garrafas desalinhadas e livros em prateleiras.
Ponto 1- não fosse o RICE eu não sabia nada disto;
Ponto 2 - a televisão continua a ter programas espectacularmente maus, com a excepção da rtp2, e do som de cristal ;
Ponto 3 – eu não sabia que tinha tanta coisa para fazer, voluntariamente falando, à frente do computador;
Ponto 4 – estava tão pouco interessada na campanha eleitoral e agora, graças ao RICE, estou capaz de ler todos os programas dos partidos, menos o da rapariga que gosta de aparecer  nua em revistas e justifica-se não sei quantas vezes na televisão ou em mais umas fotos. Nada contra, só que aquilo não é política é vaidade, vendo bem, é tudo a mesma coisa, uma espécie de concatenar.
Ponto 5 – assim que as horas de espera, no hospital, tenham ultrapassado as 5 inicialmente previstas, há que manter a lucidez e ter uma caneta à mão para expor/ reclamar/ sugerir ( este devia ter sido o primeiro ponto, mas quando é mau eu tendo a esquecer facilmente);
Ponto 6 – ainda bem que fui à fnac e comprei a banda sonora certa “ quem me dera ir daqui pra fora” e os diabo na cruz são mesmo fixes e ainda bem que chovia a potes e o concerto foi cancelado e assim eu fiquei menos desconsolada;
Ponto 7 – encontrar um médico tipo mr. charme que fala num sussurro e lança olhares magnéticos e sai-se com o como dizem os ingleses RICE enquanto uma pessoa está com um aspecto de fugir;
Ponto 8 – já estou a dissecar de mais, isto assim até parece bonito, mas só ao fim de quatro dias, e porque chove muito, estou capaz de ver para além do negro que está no meu pé.

domingo, 13 de setembro de 2015

terça-feira, 8 de setembro de 2015

soror mariana alcoforado


Nem só de mártires políticos reza a história de Beja, há também, mais atrás no tempo, uma outra protagonista - Mariana Alcoforado. 
Em 1810 é publicada uma nota no jornal francês L´Empire , de Paris em que surge o nome de Mariana como autora das já muito conhecidas Lettres Portuguaise, cinco cartas de amor dedicadas ao cavaleiro francês, Marquês de Chamily. 
Mariana foi uma das religiosas de Santa Clara  no convento da Conceição em Beja, onde entrou aos 11 anos e lá exerceu funções de porteira, escrivã e abadessa, e onde morreu aos 83 anos.
As cartas de amor são resultado da paixão sublime, não correspondida, pelo marquês que colaborou com os portugueses na Guerra da Restauração ( 1640-1668). Mariana que da janela do convento, assistia  às manobras do exército ( 1667-68), deixou-se encantar pelo francês, que voltando à sua terra prometeu mandar busca-lá. Na sua espera, em vão, escreveu as referidas cartas que contam a sua história de amor não correspondido: de inicio a esperança, seguida de incerteza e , por fim, a convicção do abandono. 
São vários os autores que contestam a sua veracidade e tantos outros que nela se inspiram.

Consagrei-te a vida desde que em ti descansaram meus olhos, e sinto prazer em sacrificar-ta. Mil vezes ao dia te procuram cansados suspiros e não trazem, os tristes, outro alívio a tantas tribulações do que o aviso cruamente sincero da minha desventura que não consente uma esperança e me repete a todos os instantes: deixa, deixa de consumir-te em vão, infeliz Mariana! Carta I

domingo, 6 de setembro de 2015

catarina eufémia




Depois de ler Anatomia dos Mártires de João Tordo, há dois anos, pensei que da próxima vez em Beja teria que ir a Baleizão ver Catarina Eufémia. Lá estão todos os símbolos e homenagens dedicados a alguém “para quem tudo pode ficar irremediavelmente perdido num único momento”  e o cenário (agora sem o trigo mas pleno de olivais) em que Catarina Eufémia reivindicando trabalho e pão é assassinada por um GNR que nunca foi julgado pelo seu crime. Coisas de um regime sem liberdade. Momento trágico e ideal para se criar um mártir no meio do Alentejo profundo e rural, mas fortemente politizado. Curioso é que este é o único momento da história da ditadura portuguesa e dos movimentos clandestinos, em que uns e outros estavam de acordo. A PIDE, por um lado propagando a sua versão de que Catarina era militante comunista e assim estava justificado o seu brutal assassinato; e o partido comunista (clandestino em 1954, mas com grande implantação no meio rural) propagando precisamente a mesma verdade, sussurrada na clandestinidade e gritada no pós 25 de Abril que Catarina foi militante do partido e pela sua militância faleceu num campo de trigo de Baleizão.
Uma mártir eternizada pela dureza da vida da época ou pela militância política? a resposta todos a podemos dar. 

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

d. teresa


Movida pela curiosidade não resisti em pegar-lhe. Há algum tempo que tenho pensado no inicio da História de Portugal e que D. Teresa não era somente condessa de portucale, entregue por dote de casamento, e muito menos alguém preso num castelo por vontade do filho que se tornaria no primeiro rei de Portugal. 
A História não se faz de faits-divers, e este livro está cheio deles, e de diálogos muito pouco prováveis para a época histórica em questão. Todavia a História nem sempre é justa e verdadeira para com os seus protagonistas e sendo assim, por vontade de quem a escreveu,  há fortes sobre os quais não reza, justamente, a História. 

terça-feira, 1 de setembro de 2015

vai o viajante # 4

Era um dia de chuva e desencanto. O viajante pensava que o desencantamento que sentia seria bom, afinal ele esvazia, liberta, desprende. E a viagem decorria pelo pensamento. Mas decidido entrou no carro e fez-se à estrada. Não as secundárias em que se perde e encontra, mas as diretas a um destino, menos encantadoras mas rápidas. Em poucos momentos as paisagens transformam-se, as montanhas dão lugar às planícies, o manto verde torna-se amarelo, mas para já o objetivo do viajante é encontrar o azul . Vai confiante e desprendido, pronto para chegar a um lugar que entretanto ficou menos nítido na sua memória. Com certeza que na imensidão deste pequeno quadrado irá se surpreender com novos lugares, é disso que o viajante gosta. A viagem continua. Encontrará poemas num qualquer banco de jardim.

Ser doido alegre que maior ventura!
Morrer vivendo pra além da verdade.
É tão feliz quem goza tal loucura.
Que nem na morte crê, que felicidade! 

António Aleixo - Ser Doido Alegre in ,  Este livro que vos deixo.