terça-feira, 1 de setembro de 2015

vai o viajante # 4

Era um dia de chuva e desencanto. O viajante pensava que o desencantamento que sentia seria bom, afinal ele esvazia, liberta, desprende. E a viagem decorria pelo pensamento. Mas decidido entrou no carro e fez-se à estrada. Não as secundárias em que se perde e encontra, mas as diretas a um destino, menos encantadoras mas rápidas. Em poucos momentos as paisagens transformam-se, as montanhas dão lugar às planícies, o manto verde torna-se amarelo, mas para já o objetivo do viajante é encontrar o azul . Vai confiante e desprendido, pronto para chegar a um lugar que entretanto ficou menos nítido na sua memória. Com certeza que na imensidão deste pequeno quadrado irá se surpreender com novos lugares, é disso que o viajante gosta. A viagem continua. Encontrará poemas num qualquer banco de jardim.

Ser doido alegre que maior ventura!
Morrer vivendo pra além da verdade.
É tão feliz quem goza tal loucura.
Que nem na morte crê, que felicidade! 

António Aleixo - Ser Doido Alegre in ,  Este livro que vos deixo.

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