terça-feira, 27 de dezembro de 2016

vai o viajante #14








Sonho que sou poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo e que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!
    
O viajante volta a Florbela. Mais tarde terá tempo de ler a opinião de Claire Leron, sobre esta poetisa que manteve durante toda a sua vida uma ansiedade sem limite pela vontade de amar e ser amada. Vai o viajante percorrer com calma as ruas da vila, aprecia o artesanato alentejano, vê um mar de turistas a invadir o paço como um rebanho com um pastor na frente. Passeia-se e regressa ao Paixão para o almoço. Aproveita que está perto e encontra novo destino. Monsaraz. Deixa Vila Viçosa com a certeza que na imensidão do Alentejo, que agora conhece melhor, este era um local onde poderia viver. E eis que na planície se ergue um castelo e vila muralhada. As casas são de um super branco e avistam-se ao longe. O viajante não se preocupa com os edifícios aprecia as ruas íngremes e estreitas, observa uma ou outra igreja, mas as ruas levam-lo ao castelo, onde há uma espécie de arena, que faz lembrar um anfiteatro romano. Mas lembra-se que esta terra é raiana e aqui a tradição é a festa dos touros. Os cartazes confirmam que ainda há pouco houve ali uma corrida. No cimo de escadas íngremes, o viajante é compensado pelo seu esforço. O Alqueva. É o verdadeiro oásis no meio do deserto. Fantástico. Contempla e parte até Évora. Volta ao templo de Diana, admira a catedral. Está contente consigo  porque sabe o que quer ver ali. Ao lado é dia de inauguração de um espaço cultural de onde emana o som do cante alentejano. O viajante encontrou em Évora palavras que lhe agradaram e com elas termina a sua viagem. O passado é prólogo. 

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