domingo, 1 de maio de 2016

vai o viajante # 7







O viajante tem andado desanimado, como nunca pensou que estaria...o inverno foi longo e cinzento demais ao qual se juntou uma espécie de vazio que não sabendo explicar, tem tentado preencher de diversas formas. Hoje finalmente o sol permitiu que sobre carris o viajante visite uma cidade próxima da sua, para ver uma série de coisas que há muito estavam apontadas no seu caderno de notas soltas. A viagem é longa, para a falta de paciência do viajante, por estes dias mas com certeza valerá a pena. Mal desembarca na estação de S. Bento depara-se com os azulejos com momentos importantes da história de Portugal. Procura a chegada à cidade de D. Filipa de Lencastre em 1387 para casar com o rei, que foi mestre de Avis e que as gentes da cidade vieram saudar e acolher como Rainha. O mesmo rei que depois de ganhar batalhas, estabilizar o reino, erguer obras monumentais, enriquecer a nobreza e reforçar alianças lança-se juntamente com os seus herdeiros na Tomada de Ceuta ( 1415). Ali se vê num outro painel o Infante D. Henrique, nascido naquela cidade do Porto, tornado cavaleiro (como os seus irmãos) numa batalha que inicia um novo tempo para Portugal. O viajante dá conta que nunca tinha visto com estes olhos D. João. Na estação estão ainda outras cenas como a Batalha dos Arcos de Valdevez e a famosa representação em que Egas Moniz se entrega com a sua família ao imperador de Castela e Leão pelo incumprimento de D. Afonso Henriques, a quem educou, ter faltado com a promessa de vassalagem. Estes painéis são ladeados por outros com cenas da vida rural e campestre das regiões unidas pelos carris. Quando deixa a estação sente a grandeza e monumentalidade desta cidade.  O viajante está entusiasmado e com sede de conhecer a sé catedral, a mesma em que casaram D. Filipa e D. João. Conhece-a dos livros e da televisão mas não a pensava tão próxima. Dali a vista sobre a cidade é impressionante, a torre de Nasoni sobressai entre as construções, as ruelas que descem à ribeira vislumbram um modo de viver, e o Douro engrandece o horizonte...dali o viajante orienta a sua visita a outros pontos da cidade a que não pode deixar de ir. Antes há que entrar na sé, como quase todas as catedrais, uma mescla de estilos arquitectónicos e decorativos que a vontade dos homens de poder vão alterando. O viajante impressiona-se com a galilé lateral, tão pouco comum, atribuída a Nasoni. No interior procura a Capela do Santíssimo, que segunda a lenda foi pintada com cal para esconder dos franceses invasores, tamanha riqueza em prata. Os franceses não a encontraram mas na sua passagem levaram outras riquezas deste Porto. 
O viajante não acabou o seu relato volta em breve para preencher um pouco mais de vazio.

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