segunda-feira, 3 de dezembro de 2018
domingo, 2 de dezembro de 2018
sexta-feira, 16 de novembro de 2018
lugares e livros
No mesmo dia foi possível ver as fotos de Frida Khalo e visitar o Centro Português de Fotografia que se instalou na Antiga Cadeia da Relação do Porto, onde esteve preso 1 ano e 17 dias Camilo Castelo Branco por crime de adultério.
A cadeia organizava-se por piso e os presos distribuídos tendo em conta o tipo de crime, a condição social e a capacidade para pagar a carceragem . Camilo ficou nos quartos de malta, no último piso onde ficavam as " pessoas de condição" e que se encerravam apenas durante a noite...o que lhe permitiu estar em contacto com outros prisioneiros e contar as suas histórias no livro que lá escreveu As memórias do Cárcere. Há a história de lealdade de um cão para com o seu dono, o poder do amor proibido, as difamações, políticos em desgraça, padres pouco católicos, revolucionários, ladrões de ocasião e ladrões lendários como Zé do Telhado. Camilo conta tudo num tom solidário, sarcástico e cheio humor contagiante. A sua condição permitiu-lhe ver amigos, escrever ainda que muitas vezes desalentado, e ver da sua cela/quarto a cidade e as pessoas. Ter visto e percorrido este espaço aproxima o leitor da sua obra e da sua vida.
" Deixo gravado à posteridade que eu RI SEMPRE. É meu costume entalar o demónio da desgraça pela cauda,e obrigo-o a trejeitar diante de mim em sarabandas de muita galhofa, dadas as todas as cautelas contra as evoluções da cabeça, que essas são perigosas, se não mentem as descrições das lendas infernais. "
quarta-feira, 14 de novembro de 2018
terça-feira, 13 de novembro de 2018
voyage voyage...
- Porto de Mós - a caminho da Batalha
- Palácio de Monserrate, Palácio Nacional de Sintra (sala dos brasões) e Chalet da Condessa d´Edla
domingo, 11 de novembro de 2018
os outros milhões
Chamou-se Grande Guerra por se achar que não haveria outra. Enganados foram. A 9 de Março a Alemanha declara Guerra a Portugal em sequência do aprisionamento dos navios alemães que se encontravam fundeados nos portos nacionais. Rapidamente se forma o Corpo Expedicionário Português que parte para a Flandres. Mal preparados, e quase todos analfabetos, vivem uma guerra nunca antes vista devido à utilização do gás mostarda que cria um novo estilo de fazer guerra: a imobilização entrincheirada dos exércitos "os soldados enterraram-se para sobreviver" e os portugueses sofrem com os ataques, com a fome, com a epidemia de piolhos..vão conhecer as demoiselles francases, desenvolvem o portunhes, escrevem às suas famílias e às madrinhas de guerra, são alvo de chacota com as suas lãs, defendem-se, tornam-se prisioneiros de guerra, geram sentimentos de alta camaradagem nas trinchas ...uns tornam-se heróis e a maioria esquecidos.
Dos fracos não costuma rezara história mas os familiares de António Pereira dos Santos, preservaram as suas memórias e contrariaram este adagio com a publicação do seu diário de guerra e das cartas que escreveu . Nos 100 anos de armistício que hoje se celebram que haja sempre memórias de paz e camaradagem.
- Quem está nas trincheiras ao teu lado?
- E isso importa?
- Mais do que a própria guerra.
Ernest Hemingway
terça-feira, 6 de novembro de 2018
FRIDA
Nas férias li a sua biografia, procurei a suas obras e sem dúvida que é uma figura icónica do México que se espalhou pelo mundo. Consegui perceber a sua dor, do seu corpo dilacerado pela doença e pelo acidente, que parece quase absurdo, e o seu humor quando diz que pior que o acidente foi o seu casamento com Diogo Rivera. O seu pai alemão trabalhou como fotografo e assim a fotografia é uma constante na sua vida. A infância, a doença, a família, a casa azul, os amigos, as operações, a pintura..
tudo em álbuns organizados, as datas e dedicatórias no verso..percorrer as suas fotos tornaram-la mais próxima, menos exótica e ainda mais bela.
segunda-feira, 5 de novembro de 2018
livros e lugares eternos
O Memorial do Convento descreve a grandeza da obra idealizada por um rei que se queria mostrar magnânimo e deixar para a eternidade o seu poder disfarçado de agradecimento e piedade. A Basílica, como tão bem descreve Saramago, é gigantesca e marcaria para sempre aquela terra e a sua gente, bem como surpreenderia todos os que a visitassem. Caso para dizer foda-se o rei, não no sentido da peça de teatro ( Guardas do Taj - onde o imperador quer guardar a beleza só num espaço e não deixar que ninguém a veja mais), mas foda-se o rei que nos deixou tamanha beleza. Entenda-se que este rei não é apenas D. João V mas todos os que deixaram obras extraordinárias que ainda hoje podemos apreciar. junte-se um escritor fantástico e temos dois monumentos: um de pedra e um de papel.
" Cem anos à espera não será excessiva mortificação para quem conta viver a eternidade"
domingo, 4 de novembro de 2018
sábado, 13 de outubro de 2018
Shallow (A Star Is Born)
O filme sobre música que não é um musical mas onde a música é tudo.
I’m off the deep end, watch as I dive in
I’ll never meet the ground
Crash through the surface
Where they can’t hurt us
We’re far from the shallow now
In the shallow, shallow
In the shallow, shallow
In the shallow, shallow
We’re far from the shallow now
quinta-feira, 4 de outubro de 2018
do verão que já acabou # m)
*todas as do Beatles, dos concertos do Miguel Araújo e António Zambujo, a planície, as da radio sim e da Toy...mas esta encerra o concerto de forma inesperada e o verão ( apenas o do calendário).
terça-feira, 2 de outubro de 2018
do verão que já acabou # l )
* Haruki Murakami - Norwegian Wood;
* Antal Szerb - Viajante à luz da lua;
* Thomas Cahill - O Mundo antes e depois de Jesus;
* Antal Szerb - Viajante à luz da lua;
* Thomas Cahill - O Mundo antes e depois de Jesus;
* Rauda Jamis - Frida Khalo Auto Retrato de uma Mulher;
* Yuval Noah Harari - Homo Deus: História Breve do Amanhã.
domingo, 30 de setembro de 2018
do verão que já acabou # a)
* os gatos que voltei a apreciar, talvez culpa de ler vários livros de Haruki Murakami, onde estão sempre presentes. Há neles um lado selvagem e mágico que faz quer tê-los por perto;
* o cão aos pés do túmulo de D. Diogo de Sousa, símbolo que sempre foi de fidelidade ao Homem, e que agora por força do crescente turismo (há que alimentar lendas para impressionar quem de longe vem) e pobre do bicho que sossegado estava a zelar pela eterna paz de seu senhor, deve estar cheio das festinhas e esfregas que lhe dão por conta de se desejar amigos leais para a vida e para além dela;
* os cavalos selvagens do Gerês, depois de Brufe ali os encontramos no território verdejante que os alimenta e que com a sua presença encanta quem passa nos seus caminhos;
* o lobo , que não encontrando alimento onde devia estar desceu à estrada quando passava (de carro, claro está, os caminhos da serra a pé não seriam para mim) . Não fui capaz de lhe tirar uma fotografia, porque nunca tinha visto um lobo e fiquei o tempo possível só a olhá-lo e depois ele certamente já tendo visto figuras como a minha logo seguiu a sua vida. depois lembrei-me daquele filme, que agora não lembro o nome, em que o fotógrafo viaja para terras longínquas para fotografar o leopardo das neves e quando o encontra não o fotografa porque " the beautiful thinks don`t ask for attention" . é verdade.
segunda-feira, 17 de setembro de 2018
experience+inocence
Ver um espectáculo dos U2 é sempre um acontecimento memorável e que nos envolve e enche um vazio e dá uma sensação de esperança inexplicável. Uma voz, uma guitarra, um baixo e uma bateria e um jogo de luzes e surpresas e as mensagens de quem tem toda a experiência e guarda a inocência e se espanta pelas melhores ou piores razões.
a tudo se junta um dia com excelente companhia, peripécias, ainda umas horas a "turistar"e boa disposição.
domingo, 26 de agosto de 2018
sábado, 25 de agosto de 2018
imagine*
* dragons..quando não toca a rádio sim e passam nas comerciais umas 50 vezes músicas que entram fácil no ouvido. gosto desta.
terça-feira, 7 de agosto de 2018
férias
15 dias úteis que primeiro pareciam desnecessários, os turistas estavam no mundial da Rússia ( menos tickets e muito futebol na tv) e as temperaturas amenas. Apúlia não é propriamente um destino de férias de sonho, mas está lá o mar…e vê-lo durante muitos dias é sempre compensador, ainda mais quando se pode entrar nas suas águas ( estranhamente quentes este ano) . e depois deitar na sombra a ler um livro, sentir o sol e tentar bronzear o pescoço (missão impossível para quem é da família do marco Horácio), caminhar uma hora pelo passeio soft, comer muito peixe, apreciar os gatos ( gatos, gatos…aqueles que se criam sozinhos e que quando querem se aproximam das pessoas), e ver os que passam e vão a banhos nos seus calçõezinhos - cueca de nadadores profissionais mas com um saco a tiracolo.
E nisto dá-se a final do campeonato com a França vitoriosa, um eclipse,
o vereador gato do bloco afinal tinha o rabo preso ( e há quem o compare a dorian grey de Óscar wilde ) , por
sua vez o super facho Santana vai fundar
um novo partido, o Sporting tem uns mil candidatos à presidência, chega a vaga
de calor intenso, o fcp ganha taça Cândido Oliveira e eu já estou de novo a trabalhar.
Foi bom. As férias acabaram mas o verão não.
quarta-feira, 25 de julho de 2018
38
Quem nasceu no ano da graça de mil nove e oitenta, como eu, faz este ano uns redondos trinta e oito anos. O meu dia 23,
foi um dia bom, mas há algum tempo que me apoquenta a sua chegada. Não é por
este ano estar a apelar a contas certas, não é pelo número em si (não é muito nem
é pouco), não é pela ligeira ruga que se acentua, não é por acreditar que ao pé
do meu pai passo por sua irmã e ou mais grave mulher. Há anos que ouço dizer,
depois dos 18 é sempre a correr ( eu não dei por nada) e depois dos 20 e 30 e triinntiintiimm
pardais ao ninho…ao contrário senti, a certa altura, que o tempo estava em
pause e isso garanto que é bem pior que senti-lo passar a correr. Agora, não
sei bem explicar mas sinto que é tudo, demasiado ligeiro, efémero, rápido,
pouco consistente, leve e outras vezes um
vago nó de ar. Não sei se isto está relacionado propriamente com a idade, provavelmente
não, é só que às vezes é difícil preencher um vazio que cresce. Eu vou associando ao tempo que passa e ao
pouco que muda. E tudo se enche com pequenas coisas que me entusiasmam sempre:
estar com quem gosto, conhecer castelos e catedrais e museus e apreciar a
paisagem, escolher um livro e acertar na escolha, ouvir muita música, rir e
fazer rir e entrar no mar. é muito? pouco?
A maioria das vezes acho suficiente.
terça-feira, 3 de julho de 2018
sobre a fé
A incredulidade de S. Tomé - Caravaggio 1599/1600
"Porque me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto." Jo.20, 24-29
domingo, 1 de julho de 2018
sexta-feira, 29 de junho de 2018
há treinadores e treinadores
Os mundiais de futebol tem sempre aquela capacidade mágica de unir todo o mundo à volta de um acontecimento desportivo de entretenimento, onde as pessoas com a mesma facilidade se enervam e emocionam. Menos aquele mundial das vovuselas. Eu adoro os hinos, as bandeiras, as claques, o fair play dos adeptos que fazem festa e depois recolhem o lixo, as comemorações dos golos, as grandes defesas. Não gosto dos árbitros que cedem à pressão do var, nem de treinadores com vontade de lavar roupa suja, e acho um bocado forçado os que apelam a correntes de mãos dadas.
Sobre Tabaréz, treinador do Urugai, só hoje li no diário de noticias que foi diagnosticado com SGB - CIDP, somos 1 num milhão e um deles é treinador. É admirável como a vontade combate ou contorna todas as adversidades.
quarta-feira, 27 de junho de 2018
vai o viajante # 17
Chega ao viajante a Almeida, este destino compõe um outro que se
publicita como 12 - uma referência às aldeias históricas que são o grande
motivo desta viagem. Almeida é a
praça-forte de Portugal durante a idade moderna, apresenta uma muralha
com a forma de uma estrela de 12 pontas, que ganhou forma em 1640 e que foi a
grande defesa das terras das beiras contra as investidas dos espanhóis durante
a guerra da restauração. Os exércitos franceses acabaram com a sua fama de
inexpugnável e a invasão providenciou uma lenda com a intervenção divina em
forma de neve, que consolaria os locais e apagaria o fogo de destruição deixado
pelos franceses. Mas a aldeia é muito mais que a história militar é toda a
paisagem que a envolve e um tempo que corre com calma. Pela porta da muralha
segue para um outro destino. Estava hesitante se os 20 km que faria em sentido oposto valeriam a pena. E como valeram.
A paisagem é um imenso mar verde, um tapete de vida, uma manta viçosa bordada
aqui e ali por lavandas e outras flores selvagens. Um regalo para a vista e um
conforto para a alma. Que poético vai o viajante! até que numa pequena colina
avista Castelo Rodrigo . Gosta do nome. Dois pequenos torreões dão as
boas-vindas a quem chega. Entra pelo porta do Sol e imediatamente parece ter
entrado noutro tempo. No casario em
pedra misturam-se características medievais, manuelinas, árabes e nota-se a
presença judaica ( tão frequente nestas terras raianas), vai ao castelo em
ruínas, passa no adro da igreja, vê a cisterna, o pelourinho..aprecia a
paisagem em volta e volta a surpreender-se. Fantástico. Dirige-se de novo à
porta do sol, onde há pouco deixou passar a história da aldeia e que agora lê
mas o que retêm tem que ver com um rei que muito admira. Então durante a crise
de 1383-85 Castelo Rodrigo ficou do lado de Castela, como castigo D. João I
ordena que o brasão ficasse com as armas reais invertidas e a vila dependente
de Pinhel. Só D. Manuel manda repovoar a vila e refazer o castelo. Curiosamente
uma outra vez posta à prova apresenta-se bastante activa na guerra da
restauração da independência. Ali ao lado
a Casa de Chá onde quem "reina" é um françes..que dá provas das
delicias da região amêndoas e figos secos. Leva algumas para o caminho. E
segue para um lugar que de nome é formoso.
segunda-feira, 25 de junho de 2018
hit tipo de verão
li algures, que depois dos 30 anos, as pessoas não reconhecem as músicas tipo hits.. e eu pensei ahhhh não basta ouvir rádio, que não a rádio sim, e está tudo actualizado. Só que não. A Dona Maria chegou até mim num sarau cultural de alunos do 1º ciclo em que pude retornar à infância com a história da velhinha e da cabaça ( que a propósito era a única que o meu pai sabia contar) e para o fecho um jovem com a sua guitarra soltou a música e foi o delírio das crianças a cantar aos berros e a saltar para o palco..eu o que é isssssstooooooo?? pelos vistos até já nem é assim tão actual..mas só agora é que descobri.
domingo, 24 de junho de 2018
verão
o dia do santo percursor, do aniversário da mi, dos 37 º graus, do desmaio em directo do presidente marcelo, das sardinhas e do manjerico, do dia mais longo, é o dia primeiro do solstício de verão e nada melhor do que estar na praia para o receber. O céu azul, o mar calmo a convidar ao mergulho, a água nada fria, a toalha estendida, o livro aberto, na pele o cheirinho a protetor solar..e fechar os olhos e ouvir só o som da onda a quebrar devagar..tão bom poder entrar de novo no mar, tapar o nariz e ir ao fundo, mergulhar a cabeça e nadar.
De todos os cantos do mundo
Amo com amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.
Shophia de Mello Breyner Andresen - Poesisa 1944
terça-feira, 12 de junho de 2018
vai o viajante #16
Chega agora o viajante a
Viseu..nunca lá tinha estado. É a terra de Viriato, sabe-o desde a escola
primária, mas entretanto esqueceu-se da atitude combativa que teve para com a
ocupação romana das terras lusitanas ( entre 147 a 140 a.C) . Era líder de uns quantos
focos de resistência e travava duras batalhas das quais sempre saía vencedor.
Só não contava ser traído e assassinado ( em 139 a. C pelos que lutavam a seu lado a troco de um
grande prémio recebido em Roma). Curioso agora pensar nos louvores e estátuas
que se erguem em honra de alguém que
havia sido "inimigo". Interpretações da história. A sua passagem por
Viseu é breve e apesar de tanto ter que ver, o viajante vai no sentido da
catedral, atravessa o Rossio, a cidade
parece-lhe familiar, e encontra a praça de D. Duarte - o rei Eloquente ( que
aqui nasceu em 1391), e por trás da sua estátua um belíssimo varandim que compõe
o edifício da catedral. A história desta
catedral é em tudo semelhante a outras. Remonta aos
primórdios do reino, é intervencionada ao longo dos séculos por vontade de quem
tem poder. O que se destaca e surpreende o viajante são as abobadas manuelinas
das naves, obra decorrida entre 1505 e 1516 atribuída a quem? a quem ? João de
Castilho, quem mais!! Aqui pensa o viajante nesta curiosa situação que tem que
ver com a atribuição das obras aos seus hipotéticos autores e assim concluí :
toda a obra arquitectónica e decorativa do gótico final e do manuelino pertence
a Castilho. Toda a pintura do século XVI nos cânones do renascimento são de
Grão Vasco e toda a obra barroca do norte é do italiano Nasoni, no caso do
rococó André Soares!!! Certo que há obras assinadas, documentos e livros de
assento, encomendas e encomendadores que anotavam e registavam..mas também há
coisas que se perdem e características que se assemelham e por conta disso
ganham mais obras os autores de mais fama. Quase que se perde o viajante de
onde vinha..Ah sim as abobadas, num jeito manuelino que resulta numa grande
corda com vários nós, como nunca havia visto. Depois sobre o altar-mor uma
pintura do século XVII com figuras meio humanas, meio animais, repleta de
volutas, flores e pássaros, à qual um grande especialista de arte, do nosso
tempo, denominou por estilo grotesco. O contraste da pintura com a rigidez da
pedra com nós, resulta numa maravilhosa cobertura de toda a catedral. Deseja o
viajante que saibam todos os que por aqui passam olhar para o ar. Há
ainda um elemento aqui que surpreende o viajante, uma relíquia de S. Teotónio,
que foi o primeiro santo português. Segundo a informação ao lado da relíquia,
Teotónio foi sacerdote, conselheiro de D. Afonso Henriques. Mais foi apurar o
viajante o sacerdote nasceu em valença do minho, fez duas viagens à terra santa
que o inspirou a fundar o mosteiro de santa cruz de Coimbra, e sempre recusou
um maior poder como o cargo de bispo de Viseu. Resumidamente é isto. De frente
para a sé está a igreja da misericórdia, que dentro não precisa de tempo para
ser vista. Tem que partir o viajante, o dia já vai longo, atravessa a porta do Soar com o seu arco de
ogiva quebrado, de onde partia a muralha da cidade à qual deseja um dia voltar.
quarta-feira, 6 de junho de 2018
vai o viajante #15
o viajante está contente,
conseguiu fazer um plano da sua viagem, calculando os tempos e assinalando o
que tinha mesmo que ser visto, mas sem ser demasiado rígido afinal as mini férias
tem que ser aproveitadas. Vai agora na
estrada, com vários destinos em mente, e dá-se conta de como é retemperador o
caminho que liberta dos pensamentos, dizendo melhor de qualquer pensamento.
A primeira paragem é
feita em Amarante, há muito que deseja encontrar Amadeu Sousa Cardoso, mas mal
entra na cidade percebe que vai perder tempo. Estava tudo enfeitado para as
festas do Junho. Não podia imaginar que o novo mês, preste a começar, tinha
direito a romaria por estas bandas. Na igreja de S. Gonçalo decorria uma
celebração e o museu de Amadeu estava fechado. Contentou-se assim o viajante
com a vista sobre o rio Tâmega e com o exterior da igreja de S. Gonçalo
extremamente limpa. Há algo nas pedras limpas que lhe soa a vazio e que lhe
desagrada um pouco. Enfim há que seguir para outro destino e um dia voltar para
encontrar as obras de Amadeu. Lamego é o destino mas até lá é a paisagem
verdejante das vinhas nos socalcos que se impõe. O viajante já havia por lá
passado faz poucos anos, mas não deixa de se impressionar com a mão dos homens
na natureza. A Régua é mesmo ali ao lado mas não se desvia agora do seu
trajeto. Encontra Lamego muito diferente daquilo que ainda restava na sua
memória de infância, numa ida em excursão à serra da estrela da qual há uma videocassete
cheia de momentos hilariantes. É bonita a cidade, uma grande praça retangular
que une a cidade a um grande escadório e santuário. De um outro lado um ruína
transformada em castelo ( que agora cidade sem castelo não é cidade que se
preze) e em baixo o antigo paço e a catedral. A sua fachada remete para o
gótico final com as arquivoltas e os corocheús ricamente decoradas em gosto
flamejante. Sagrada que foi em 1175 apresenta uma mescla de estilos decorrentes
do tempo e da vontade dos seus bispos. Ainda no exterior a torre indica a
antiguidade românica, com as suas ameias, a lembrar as igrejas tipo fortaleza.
No interior a prova que estes edifícios continuam a alterar-se, um altar do
nosso tempo com um tema ressuscitado por quem decora lugares santos - a árvore
da vida. Mas o que fez o viajante
procurar este lugar foi Nasoni . Há uns tempos deteve-se nas obras do italiano
que tantas marcas deixou na cidade do Porto. Mas esta é diferente, é um mar de
cor por cima das nossas cabeças. Encantado deixa a sé e almoça mesmo em frente
e perto de ir ao Museu, onde sabe que irá encontrar vários tesouros. Um deles tem como autor Vasco Fernandes o
pintor de renovação ou renascimento do século XVI, mais conhecido por Grão Vasco. No museu figura um
políptico que antes decorava o altar-mor da catedral e um Quo Vadis totalmente restaurado. Entre os chamados
tesouros destaca-se as obras de André Reinoso, especialmente um pequeno mas
adorável S. José com o menino, já conhecido do viajante. Segue para o mais
invulgar tesouro, um conjunto de
tapeçarias que surpreendem pelo seu excelente estado de conservação,
pois datam de 1525-1530 e por retratarem a trágica história do Rei Édipo e de
sua mãe Jocasta , numa
encomenda do bispo de Lamego, a um artista flamengo, para decoração do seu paço. Quase a terminar
a visita uma série de painéis de azulejos de 1670, com uma decoração inspirada
nos panos da índia e que pertencia a um palácio de Lisboa tendo a sua
proprietária doado os painéis ao museu para evitar que se perdessem. O viajante
vai feliz porque há muito queria ter vindo aqui, a este museu a esta cidade.
Apesar de não fazer grande questão, sobe ainda ao santuário vê o grande pátio
barroco mas não se demora há ainda muito que ver.
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